Certa feita, Sri Prem Tata
e o seu discípulo dirigiram-se a um longínquo reinado para visitar um antigo
companheiro de jornada espiritual. Tratava-se de Sri Buddu Amurti, um velho e
circunspecto ermitão, no qual a grande sabedoria aliava-se ao porte físico
avantajado.
Rever seu amigo de priscas eras era
para Tata motivo de regozijo e o fazia lembrar dos tempos em que ele, Sri Buddu
Amurti e Lama Tahju, outro amigo de inestimável sabedoria, eram pupilos
iniciáticos. Desde aquela época, os três eram grandes amigos, em especial,
depois que descobriram por meio de profunda meditação progressiva que o trio
haveria de recepcionar, um dia, o menino Cristo com ouro, incenso e mirra, mas essa
é outra estória...
O reinado no qual Buddu vivia passava
por um período de tensões, posto que um rei despótico preparava-se para entrar
em outra guerra contra o reinado vizinho por disputa de poder. Para motivar o
povo a entrar em guerra, utilizava-se de todo tipo de artimanha falaciosa, em
especial a incitação ao ódio e ao medo. Aproveitava-se das justas
reivindicações da população, como diminuição da pobreza e igualdade social,
para obter cada vez mais poder e eternizar-se no trono, às custas do
cerceamento da liberdade de opinião e de expressão.
Ao aproximarem-se da gruta na qual
Buddu residia e atendia àqueles que recorriam a ele em busca de sabedoria, Tata
e seu fiel discípulo avistaram Buddu falando para um pequeno grupo de pessoas.
Ambos juntaram-se à plateia e ouviram o mestre, que dizia: “A liberdade é sem
nenhum motivo, a liberdade não está no fim da evolução humana, mas se encontra
no primeiro passo da sua existência. Pela observação, a pessoa começa a
descobrir a falta de liberdade. A liberdade é encontrada no estar atento, sem
escolha, à nossa existência e atividades diárias.”
Pouco tempo depois a aula encerrou-se
e o grupo dispersou-se. Tata e o amigo saudaram o mestre, que os convidou para
compartilharem uma leve refeição. Após alguns dias de amigável convívio, ambos
deixaram a companhia do guru e seguiram viagem.
Dado momento da caminhada, o escudeiro
de Tata, referindo-se ao que tinha ouvido do mestre Buddu sobre o tema
liberdade, perguntou a Tata qual seria a razão de as pessoas deixarem-se
envolver por líderes tiranos e demagogos, empenhando a liberdade individual e arriscando,
até mesmo, a própria vida em uma guerra.
Sri Prem Tata destacou que nem todos
conseguem se libertar dos seus medos e culpas e existem pessoas que ainda não
conseguiram trabalhar a sua relação mal resolvida com a maternidade e projetam
as suas carências emocionais nos líderes messiânicos acolhedores, que eles veem
como o representante inconsciente da própria mãe, mesmo que tenham que pagar um
preço caro por sua ânsia de carinho e atenção maternais. Complementou o mestre,
“aquilo que não trabalhamos na nossa vida, torna-se o nosso destino. Só há
verdadeira liberdade com autoconhecimento, que é pai da consciência.”
*desenho
de Jailson Arquino
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