Resumo
do Livro XII – O Caso Schreber, Artigos sobre Técnica e outros trabalhos (1911-1913)
Nota
do editor inglês
_ o
texto sobre o Caso Schreber foi lido perante o terceiro Congresso Psicanalítico
Internacional, realizado em Weimar em 22 de setembro de 1911 – p. 15/16;
_ vinculação
existente entre paranoia e homossexualismo passivo reprimido – p. 16;
Notas
psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranoia (dementia
paranoides)
_ não
deve o psicanalista aceitar tratar casos de paranoia – p. 21;
_ a
investigação psicanalítica da paranoia seria completamente impossível se os
próprios pacientes não possuíssem a peculiaridade de revelar (de forma
distorcida, é verdade) exatamente aquelas coisas que outros neuróticos mantêm
escondidas como um segredo – p. 21;
_ penso
ser legítimo basear interpretações analíticas na história clínica de um
paciente que sofria de paranoia (ou, precisamente, de dementia paranoides) e a
quem nunca vi, mas que escreveu sua própria história clínica e publicou-a – p. 21;
I –
História Clínica
_ ‘Duas
vezes sofri de distúrbios nervosos’, escreve Dr. Schreber, ‘e ambas resultaram
de excessiva tensão mental. Isso se deveu, na primeira ocasião, à minha
apresentação como candidato à eleição para o Reichstag, enquanto era juiz de um tribunal inferior em Cheminitz,
e, na segunda, ao fardo muito pesado de trabalho que me caiu sobre os ombros
quando assumi meus novos deveres como juiz superior – p. 23;
_ considerações
sobre alguns sonhos de Schreber sobre o retorno do distúrbio e o sonho de achar
bom ser mulher e se submeter ao ato da cópula – p. 24;
_ considerações
sobre os acontecimentos anteriores à eclosão da doença: acesso d insônia,
ideias hipocondríacas, ideias de perseguição, ilusões sensoriais, sensibilidade
à luz e ao barulho, ilusões visuais e auditivas, distúrbios cenestésicos – p. 24;
_ suas
ideias delirantes assumiram gradativamente o caráter místico e religioso;
achava-se em comunicação direta com Deus, era joguete de demônios, via
aparições miraculosas, ouvia música sagrada, e, no final chegava mesmo a
acreditar que estava vivendo em outro mundo – p. 24/25;
_ acreditava
que tinha a missão de redimir o mundo e restituir-lhe o estado perdido de
beatitude. Isso, entretanto, só poderia realizar se primeiro se transformasse
em mulher – p. 27;
_ a
parte mais essencial de sua missão redentora é ela ter que ser precedida por
sua transformação em mulher – p. 27;
_ o
diretor da clínica acentua dois pontos como sendo de suma importância: a
assunção, pelo paciente, do papel de Redentor e sua transformação em mulher. O
delírio de Redentor constitui fantasia que nos é familiar, pela frequência com
que forma o núcleo da paranoia religiosa– p. 28;
_ sabemos
que a ideia de transformar-se em mulher (isto é, de ser emasculado) constitui o
delírio primário, que ele no início encarva esse ato como grave injúria e
perseguição, e que o mesmo só se relacionou com o papel de Redentor de maneira
secundária. Pode-se formular a situação, dizendo-se que um delírio sexual de
perseguição foi posteriormente transformado, na mente do paciente, em delírio
religioso de grandeza – p. 29;
_ a
ideia de ser transformado em mulher foi a característica saliente e o germe
mais primitivo de seu sistema delirante – p. 31;
_ em
todos os pontos de sua teoria, ficaremos impressionados pela espantosa mistura
do banal e do brilhante, do que foi tomado emprestado e do que é original – p.
32;
_ nenhuma
tentativa de explicar o caso Schreber terá possibilidade de ser correta, se não
levar em consideração essas peculiaridades de sua concepção de Deus, essa
mistura de reverência e rebeldia em sua atitude para com Ele – p. 39;
_ as
raízes de todo distúrbio nervoso e mental devem se encontrar principalmente na
vida sexual do paciente – p. 40;
_
antes de sua enfermidade, Schreber fora homem de moral estrita: ’Poucas
pessoas’, declara ele, e não vejo razão para duvidar de sua assertiva, ‘podem
ter sido criadas segundo os estritos princípios morais em que fui, e poucas
pessoas, durante toda a sua vida, podem ter exercido (especialmente em assuntos
sexuais) uma autocoibição que se conformasse tão estritamente a esses
princípios, como posso dizer de mim mesmo que exerci’. Após o severo combate
espiritual, do qual os fenômenos de sua moléstia foram os sinais exteriores,
sua atitude para com o lado erótico da vida se alterou. Chegara a perceber que
o cultivo da voluptuosidade lhe incumbia como um dever e que somente pelo
cumprimento desse dever é que poderia terminar o grave conflito que irrompera
dentro dele – ou, como pensava a seu respeito. A voluptuosidade, assim as vozes
lhe asseguravam, havia se tornado ‘temente a Deus’, e só lhe restava lamentar
que não se pudesse dedicar a esse cultivo durante todo o dia – p. 41;
_ Foi
esse, então, o resultado das modificações produzidas em Schreber por sua
doença, tal como as encontramos expressas nas duas características principais
de seu sistema delirante. Antes dela, inclinara-se ao ascetismo sexual e fora
um descrente com referência a Deus, enquanto que, após a mesma, tornou-se
crente em Deus e devoto da voluptuosidade. Ele assumiu uma atitude feminina
para com Deus; sentiu que era esposa de Deus – p. 41/42;
_ no
sistema de Schreber, os dois elementos principais de seus delírios (sua
transformação em mulher e sua relação favorecida com Deus) acham-se vinculados
na adoção de uma atitude feminina para com Deus – p. 44;
II – Tentativas
de Interpretação
_ é
natural que determinado analista tenda demasiadamente para cautela e outro
excessivamente para a ousadia – p. 47;
_ o
caso Schreber assumiu a princípio a forma de delírios de perseguição e só
começou a perde-la quando chegou ao ponto decisivo de sua moléstia (a ocasião
de sua reconciliação). Dessa época em diante, as perseguições tornaram-se cada
vez menos intoleráveis e o propósito ignominioso que a princípio fundamentava
sua ameaçada emasculação começou a ser suplantado por um propósito de
consonância com a Ordem das Coisas – p. 47/48;
_ o
estudo de vários casos de delírios de perseguição levou-me, bem como a outros
pesquisadores, à opinião de que a relação entre o paciente e o seu perseguidor
pode ser reduzida a fórmula simples. Parece que a pessoa a quem o delírio
atribui tanto poder e influência, a cujas mãos todos os fios da conspiração
convergem, é se claramente nomeada, idêntica a alguém que desempenhou papel
igualmente importante na vida emocional do paciente antes de sua enfermidade,
ou facilmente reconhecível como substituto dela. A intensidade da emoção é
projetada sob a forma de poder externo, enquanto sua qualidade é transformada
no oposto. A pessoa agora odiada e temida por ser um perseguidor, foi, noutra
época, amada e honrada. O principal propósito da perseguição asseverada pelo
delírio do paciente é justificar a modificação em sua atitude mental – p. 50;
_ a fantasia
feminina que se havia conservado impessoal defrontou-se imediatamente com um
repúdio indignado, um verdadeiro protesto masculino, para utilizar a expressão
de Adler, mas num sentido diferente do seu. Na aguda psicose que irrompeu logo
após, porém, a fantasia feminina venceu todas as dificuldades; e só é preciso
ligeira correção na imprecisão paranoica característica do modo de expressão de
Schreber, para permitir-nos adivinhar o fato de que o paciente temia um abuso
sexual das mãos do próprio médico. A causa ativadora de sua doença, então, foi
uma manifestação de libido homossexual; o objeto dessa libido foi
provavelmente, desde o início, o médico, Flechsig, e suas lutas contra o
impulso libidinal produziram o conflito que deu origem aos sintomas – p. 52;
_
falando de modo geral, todo ser humano oscila, ao longo da vida, entre
sentimentos heterossexuais e homossexuais e qualquer frustação e desapontamento
numa das direções pode impulsioná-lo para outra – p. 55;
_ hipótese
de que a causa ativadora da enfermidade foi o aparecimento de uma fantasia
feminina (isto é, homossexual passiva) de desejo, que tomou por objeto a figura
do médico. Uma resistência interna a esta fantasia surgiu por parte da
personalidade de Schreber, e a luta defensiva que se seguiu, e que talvez
pudesse ter assumido alguma outra forma, tomou, por razões que nos são
desconhecidas, a forma de delírio e perseguição. A pessoa por que agora ansiava
tornou-se o seu perseguidor, e a essência da fantasia de desejo tornou-se a
essência da perseguição – p. 56;
_ era
impossível para Schreber resignar-se a representar o papel de uma devassa para
com seu médico, mas a missão de fornecer ao próprio Deus as sensações
voluptuosas que Este exigia não provocava tais resistências por parte de seu
ego. A emasculação, agora, não era mais uma calamidade; tornava-se ‘consonante
com a Ordem das Coisas’ – p. 57;
_ a
megalomania pode desenvolver-se a partir de delírios de perseguição – p. 57;
_ um
processo de decomposição desse tipo é mito característico da paranoia. A
paranoia decompõe, tal como a histeria condensa. Ou antes, a paranoia reduz
novamente a seus elementos os produtos das condensações e identificações
realizadas no inconsciente – p. 58;
_ a
fantasia feminina, que despertou uma oposição tão violenta no paciente, tinha
assim suas raízes num anseio, intensificado até um tom erótico, pelo pai e pelo
irmão. Esse sentimento na medida em que se referia ao irmão, passou, por um
processo de transferência, para o médico, Flechsig; e, quando foi devolvido ao
pai, chegou-se a uma estabilização do conflito – p. 59;
_ estamos
perfeitamente familiarizados com a atitude infantil dos meninos para com o pai;
ela se compõe da mesma mistura de submissão reverente a insubordinação
amotinada que encontramos na relação de Schreber com o seu Deus, e é o
protótipo inequívoco dessa relação, fielmente copiada dela – p. 60;
_ o
sol nada mais é que outro símbolo sublimado do pai – p. 62;
_ enquanto
o pai estava vivo, revelou-se em rebeldia indomável e franca discórdia, mas, imediatamente,
após a sua morte, assumiu a forma de uma neurose baseada em submissão abjeta e
obediência tardia para com ele – p. 63;
_ quando
uma fantasia de desejo aparece, nossa tarefa é associá-la com alguma frustação,
alguma privação na vida real – p. 65;
III –
Sobre o mecanismo da paranoia
_ estivemos
até aqui lidando com o complexo paterno, elemento dominante no caso Schreber, e
com a fantasia de desejos em torno da qual a doença se centralizou. Mas, em
tudo isso nada existe de característico da enfermidade conhecida como paranoia,
nada que não possa ser encontrado em outros tipos de neuroses. Tenderíamos a
dizer que caracteristicamente paranoico na doença foi o fato de o paciente,
para repelir uma fantasia de desejo homossexual, ter reagido precisamente com
delírios de perseguição desta espécie – p. 67;
_
ficamos estupefactos ao descobrir que, em todos os casos de paranoia, uma
defesa contra o desejo homossexual era claramente identificável no próprio
centro do conflito subjacente à moléstia, e que fora uma tentativa de dominar
uma corrente inconsciente reforçada de homossexualismo que todos eles haviam
fracassados. Isso certamente não era o que havíamos esperado. A paranoia
constitui exatamente um distúrbio no qual a etiologia sexual de maneira alguma
é óbvia; longe disso, as características notavelmente relevantes na origem da
paranoia, particularmente entre indivíduos do sexo masculino, são as
humilhações e desconsiderações sociais. Mas, se nos aprofundarmos apenas um
pouco mais no assunto, poderemos perceber que o fator realmente eficaz nessas
afrontas sociais reside na parte que nelas desempenham os componentes
homossexuais da vida emocional – p. 67/68;
_ considerações
sobre os estágios de desenvolvimento da libido: auto-erotismo, narcisismo,
estágio de escolha objetal (homossexualismo e heterossexualismo) – p. 68/69;
_ após
o estágio de escolha objetal heterossexual ter sido atingido, as tendências
homossexuais não são, como se poderia supor, postas de lado ou interrompidas;
são simplesmente desviadas de seu objetivo sexual e aplicadas a novas
utilizações. Combinam-se agora com partes dos instintos do ego e ajudam a
constituir os instintos sociais, contribuindo assim como um fator erótico para
a amizade e a camaradagem, para o espírito de corpo e o amor à humanidade em
geral – p. 69;
_ cada
estádio de desenvolvimento da psicossexualidade fornece uma possibilidade de
fixação. Esse resultado pode ser produzido por qualquer coisa que faça a libido
fluir regressivamente – p. 69/70;
_
considerações sobre as principais formas de paranoia conhecidas com relação às
contradições da proposição única: eu (um homem) o amo (um homem) – p. 70/71;
_ considerações
sobre o mecanismo pelo qual os sintomas da paranoia são formados e o mecanismo
pelo qual a repressão é ocasionada. A característica mais notável da formação
de sintomas na paranoia é o processo que merece o nome de projeção – p. 73;
_ na
psicanálise, acostumamo-nos a encarar os fenômenos patológicos como derivados,
de maneira geral, da repressão. Se examinarmos mais perto do que chamamos de
repressão, encontraremos razões para dividir o processo em três fases que são
facilmente distinguíveis uma da outra, conceptualmente. A primeira parte
consiste na fixação, que é precursora e condição necessária de toda repressão.
A segunda fase é a repressão propriamente dita. A terceira fase, e a mais
importante no que se refere aos fenômenos patológicos, é a do fracasso da
repressão, da irrupção, do retorno do reprimido – p. 74/75;
_ considerações
sobre o desligamento da libido – p. 79;
_ que
emprego se faz da libido após ela ter sido liberada pelo processo de
desligamento? Uma pessoa normal começará imediatamente a procurar um substituto
para a ligação perdida e, até que esse substituto seja encontrado, a libido
liberada será mantida em suspenso dentro da mente, e aí dará origem a tensões e
alterará o seu humor. Na histeria, a libido liberada transforma-se em
inervações somáticas ou em ansiedade. Na paranoia, porém, a evidência clínica
vai demonstrar que a libido, após ter sido retirada do objeto, é utilizada de
modo especial – p. 79;
_ aceitamos
a distinção popular entre instintos do ego e instinto sexual, pois tal
distinção parece concordar com a concepção biológica de que o indivíduo possui
dupla orientação, visando, por um lado a auto-preservação e, por outro, a
preservação das espécies – p. 81;
_ a
relação alterada do paranoico com o mundo deve ser explicada inteira ou
parcialmente pela perda de seu interesse libidinal – p. 82;
_ o
afastamento da libido do mundo externo é uma característica particular e
claramente marcante da demência precoce. Desta característica inferimos que a
repressão é efetuada por meio do desligamento da libido – p. 83;
_
teses principais relativas à teoria da libido das neuroses e das psicoses: as
neuroses surgem, principalmente, de um conflito entre o ego e o instinto sexual
e as formas que elas assumem guardam a marca do curso do desenvolvimento
seguido pela libido e pelo ego – p. 86;
Pós-escrito
_ considerações
sobre a estranha relação do paciente com o sol. É a este privilégio delirante
de ser capaz de olhar fixamente o Sol sem ficar ofuscado que o interesse
mitológico se prende – p. 87;
_ e
quando Schreber se gaba de poder olhar o Sol ileso e não ofuscado, redescobriu
o método mitológico de expressar sua relação filial com o Sol, e mais uma vez
confirmou a nossa opinião de que o Sol é um símbolo do pai – p. 88;
_ ‘nos
sonhos e nas neuroses’, assim dizia nossa tese, ‘deparamos mais uma vez com a
criança e as peculiaridades que caracterizam suas modalidades de pensamento e
sua vida emocional.’. ‘E deparamos também com o selvagem’, podemos agora
acrescentar, ‘com o homem primitivo, tal como se nos revela à luz das pesquisas
da arqueologia e da etnologia.’ – p. 89;
Artigos
sobre Técnica (1911-1915[1914])
_ seis
artigos que não são uma exposição sistemática sobre a técnica psicanalítica,
mas representam a abordagem mais aproximada de Freud sobre uma exposição desse
tipo – p. 94;
_ a
relativa escassez de trabalhos de Freud sobre técnica deve-se a sua relutância
em publicar esse tipo de material – p. 95;
O
Manejo da Interpretação de Sonhos na Psicanálise (1911)
_ a
questão que pretendo tratar não é a técnica da interpretação de sonhos, mas a
maneira pela qual o analista deve utilizar a arte da interpretação de sonhos no
tratamento psicanalítico dos pacientes – p. 101;
_ diversos
sonhos que ocorrem em uma mesma noite não passam de tentativas, manifestadas
sob várias formas, de representar um só significado. Em geral, podemos ficar
certos de que todo impulso de desejo que cria hoje um sonho reaparecerá noutros
sonhos, enquanto não tiver sido compreendido e retirado do domínio do
inconsciente – p. 103/104;
_ a
interpretação de sonhos não deve ser perseguida no tratamento analítico como
arte pela arte – p. 104;
_ quanto
mais o paciente aprende da prática da interpretação de sonhos, mais obscuros,
geralmente, se tornam seus sonhos posteriores – p. 105;
A
Dinâmica da transferência (1912)
_ cada
indivíduo, através da ação combinada de sua disposição inata e das influências
sofridas durante os primeiros anos, conseguiu um método específico próprio de
conduzir-se na vida erótica – p. 111;
_ aproveito
esta oportunidade para me defender da acusação errônea de haver negado a
importância dos fatores inatos (constitucionais), por ter acentuado a das
impressões infantis – p. 111;
_ nossas
observações demonstram que somente uma parte daqueles impulsos que determinam o
curso da vida erótica passou por todo o processo de desenvolvimento psíquico.
Esta parte está dirigida para a realidade, acha-se a disposição da
personalidade consciente e faz parte dela. Outra parte dos impulsos libidinais
foi retida no desenvolvimento; mantiveram-se afastadas da personalidade
consciente e da realidade, e, ou foi impedida de expansão ulterior, exceto na
fantasia, ou permaneceu totalmente no inconsciente, de maneira que é
desconhecida pela consciência da personalidade – p. 112;
_ assim,
é perfeitamente normal e inteligível que a catexia libidinal que alguém que se
acha parcialmente insatisfeito, uma catexia que se acha pronta por antecipação,
dirija-se também para a figura do médico – p. 112;
_ considerações
sobre ‘imago paterna’, ‘imago materna’ e ‘imago fraterna’ – p. 112;
_ uma
precondição invariável e indispensável de todo desencadeamento de uma
psiconeurose é o processo a que Jung deu o nome apropriado de ‘introversão’.
Isso equivale a dizer: a parte da libido que é capaz de se tornar consciente e
se acha dirigida para a realidade é diminuída e a parte que se dirige para
longe da realidade e é inconsciente, e que, embora possa ainda alimentar as
fantasias do indivíduo, pertence todavia ao inconsciente, é proporcionalmente
aumentada. A libido (inteiramente ou em parte) entrou em curso regressivo e
reviveu as imagos infantis do indivíduo. O tratamento analítico então passa a
segui-la; ele procura rastrear a libido, torna-la acessível à consciência e,
enfim, útil à sociedade – p. 113/114;
_ se a
introversão ou regressão da libido não houvesse sido justificada por uma
relação específica entre o indivíduo e o mundo externo – enunciado, em termos
mais gerais, pela frustração da satisfação – e, se não se tivesse, no momento,
tornado mesmo conveniente, não teria absolutamente ocorrido – p. 114;
_
considerações sobre o momento em que a transferência entra em cena – p. 115;
_ como
é possível que a transferência sirva tão admiravelmente de meio de resistência?
– p. 116;
_
considerações sobre a distinção entre transferência positiva e negativa – p. 116;
_ até
este pronto admitimos prontamente que os resultados da psicanálise baseiam-se
na sugestão; por esta, contudo, devemos entender, como o faz Ferenczi (1909), a
influência de uma pessoa por meio dos fenômenos transferenciais possíveis em
seu caso. Cuidamos da independência final do paciente pelo emprego da sugestão,
a fim de fazê-lo realizar um trabalho psíquico que resulta necessariamente numa
melhora constante de sua situação psíquica – p. 117;
_ onde
a capacidade de transferência tornou-se essencialmente limitada a uma
transferência negativa, como é o caso dos paranoicos, deixa de haver qualquer
possibilidade de influência ou cura – p. 118;
_ no
processo de procurar a libido que fugira do consciente do paciente, penetramos
no reino do inconsciente – p. 119;
_ esta
luta entre o médico e o paciente, entre o intelecto e a vida instintual, entre
compreensão e a procura da ação, é travada quase exclusivamente nos fenômenos
da transferência. É nesse campo que a vitória tem que ser conquistada – vitória
cuja expressão é a cura permanente da neurose – p. 119
Recomendações
aos médicos que exercem a psicanálise
_ as
regras técnicas que estou apresentando aqui alcancei-as por minha própria experiência,
no decurso de muitos anos – p. 125;
_
primeira técnica para lembrar-se da quantidade de material durante a análise é
uma técnica muito simples, manter a atenção uniformemente suspensa em face de
tudo o que se escuta – p. 125;
_ em
termos técnicos, a regra é: o analista deve simplesmente escutar e não se
preocupar se está se lembrando de alguma coisa – p. 126;
_ o
analista dever voltar seu próprio inconsciente, como um órgão receptor, na
direção do inconsciente transmissor do paciente – p. 129;
_ não
hesito, portanto, em condenar a técnica afetiva para com o paciente como
incorreta. O médico deve ser opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não
mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é mostrado – p. 131;
_ o
médico deve controlar-se e guiar-se pela capacidade do paciente e não pelos
seus próprios desejos. Nem todo neurótico possui grande talento para sublimação
– p. 132;
_
tem-se acima de tudo ser tolerante com a fraqueza do paciente. A ambição
educativa é de tão pouca utilidade quanto a ambição terapêutica. Deve-se manter
em mente que muitas pessoas caem enfermas exatamente devido à tentativa de
sublimar os seus instintos além do grau permitido por sua organização e que,
naqueles que possuem capacidade de sublimação, o processo geralmente se dá espontaneamente,
assim que suas inibições são superadas pela análise – p. 132;
_ até
que ponto deve-se busca a cooperação intelectual do paciente no tratamento? –
p. 132;
_ o
paciente tem que aprender, acima de tudo, que atividades mentais, tais como
refletir sobre algo ou concentrar a sua atenção, não solucionam nenhum dos
enigmas de uma neurose; isto só pode ser efetuado a se obedecer pacientemente à
regra psicanalítica, que impõe a exclusão de toda crítica do inconsciente ou de
seus derivados – p. 132;
_ devo
fazer a mais séria advertência contra qualquer tentativa de conquistar a
confiança ou apoio de pais ou parentes dando-lhes livros psicanalíticos para
ler, de natureza introdutória ou avançada – p. 133;
Sobre
o início do tratamento (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I)
(1913)
_ todo
aquele que espera aprender o nobre jogo de xadrez nos livros, cedo descobrirá
que somente as aberturas e os finais de jogos admitem uma apresentação
sistemática exaustivas – p. 139;
_ considerações
sobre a impossibilidade de mecanização das técnicas psicanalíticas – p. 139;
_ considerações
sobre aceitação de pacientes de forma provisória – p. 139;
_ considerações
sobre experimento preliminar – p. 139;
_ possibilidade
de uma neurose com sintomas histéricos ou obsessivos poder ser um estádio
preliminar de uma demência precoce (esquizofrenia ou parafrenia) – p. 140;
_
deve-se desconfiar de todo paciente que quer esperar um pouco antes de iniciar
o tratamento – p. 141;
_ dificuldades
especiais surgem quando o analista e seu novo paciente, ou suas famílias,
acham-se em termos de amizade ou têm laços sócias um com o outro – p. 141;
_ a
pergunta relativa à duração provável de um tratamento é quase irrespondível –
p. 144;
_ considerações
sobre interrompimento e abreviação do tratamento – p. 145;
_ o
analista é certamente capaz de fazer muito, mas não pode determinar de antemão
exatamente quais os resultados que produzirá. Ele coloca em movimento um
processo, o processo de solucionamento das repressões existentes – p. 146;
_
considerações sobre os honorários do médico e tratamento gratuito – p. 146/147;
_
considerações sobre o cerimonial do tratamento (divã) – p. 149;
_
considerações sobre o material que se inicia o tratamento – p. 149;
_ é
indispensável e também vantajoso estabelecer a regra da psicanálise nos
primeiros estádios do tratamento (falar o que vier à mente do paciente sem
censuras ou reflexões) – p. 150;
_ caso
de paciente que inicia o tratamento e não consegue pensar em nada para dizer.
Os primeiros sintomas ou ações fortuitas do paciente, tal como sua primeira
resistência, podem possuir interesse especial e revelar um complexo que dirige
sua neurose– p. 152/153;
_
enquanto as comunicações e ideias do paciente fluírem sem qualquer obstrução, o
tema da transferência não deve ser aflorado. Deve-se esperar até que a
transferência, que é o mais delicado de todos os procedimentos, tenha se
tornado uma resistência – p. 154;
_
quando devemos começar a fazer nossas comunicações ao paciente? Somente após
uma transferência eficaz ter se estabelecido – p. 154;
_
condeno qualquer linha de conduta que nos levasse a dar ao paciente uma
tradução dos seus sintomas – p. 154/155;
_
mesmos nos estádios posteriores da análise, tem-se em ter cuidado em não
fornecer ao paciente a solução de um sintoma ou a tradução de um desejo até que
ele esteja tão próximo delas que só tenha que dar mais um passo para conseguir
a explicação por si próprio – p. 155;
_
considerações sobre o significado de conhecimento e o mecanismo da cura na
psicanálise – p. 155;
_
contar ou descrever o trauma reprimido não cura – p. 156;
_ os
pacientes conhecem agora a experiência reprimida em seu pensamento consciente,
mas falta a este pensamento qualquer vinculação com o lugar em que a lembrança
reprimida, de uma ou outra maneira, está contida. Nenhuma mudança é possível
até que o processo consciente de pensamento tenha penetrado até esse lugar e lá
superado as resistências da repressão – p. 156/157;
_ a
força motivadora primária na terapia é o sofrimento do paciente e o desejo de
ser curado que deste se origina – p. 157;
_
sozinha, a força motivadora não é suficiente para livrar-se da doença – p. 157;
_ a
novas fontes de força pelas quais o paciente é grato ao analista reduzem-se à
transferência e à instrução (através das comunicações que lhes são feitas). O
paciente, contudo, só faz uso da instrução na medida em que é induzido a
fazê-lo pela transferência; é por esta razão que nossa primeira comunicação
deve ser retida até que uma forte transferência tenha se estabelecido – p. 158;
Recordar,
repetir e elaborar (novas recomendações sobre a técnica psicanalítica II) (1914)
_ o
Dr. Erneste Jones nos conta (1955,266) que Freud considerava este o melhor da
presente série de trabalhos técnicos – p. 161;
_ não
me parece desnecessário continuar a lembrar aos estudiosos as alterações de
grandes consequências que a técnica psicanalítica sofreu desde os primórdios.
Em sua primeira fase – a da catarse de Breuer – ela consistia em focalizar
diretamente o momento em que o sintoma se formava, e em esforçar-se
persistentemente por reproduzir os processos mentais envolvidos nessa situação,
a fim de dirigir-lhes a descarga ao longo do caminho da atividade consciente.
Recordar e ab-reagir, com o auxílio, era, a que, àquela época, se visava. A
seguir, quando a hipnose foi abandonada, a tarefa transformou-se em descobrir,
a partir das associações livres do paciente, o que ele deixava de recordar. A
resistência deveria ser contornada pelo trabalho da interpretação e por dar a
conhecer desta ao paciente. As situações que haviam ocasionado a formação do
sintoma e as outras anteriores ao momento em que a doença irrompeu conservaram
seu lugar como foco de interesse; mas o elemento da ab-reação retrocedeu para
segundo plano e pareceu ser substituído pelo dispêndio de trabalho que o
paciente tinha de fazer para ser obrigado a superar sua censura das associações
livres, de acordo com a regra fundamental da psicanálise. Finalmente,
desenvolveu-se a técnica sistemática hoje utilizada, na qual o analista
abandona a tentativa de colocar em foco um momento ou problema específicos.
Contenta-se em estudar tudo o que se ache presente, de momento, na superfície
da mente do paciente, e emprega a arte da interpretação principalmente para
identificar as resistências que lá aparecem, e torná-las conscientes ao
paciente – p. 163;
_
considerações sobre quando o paciente não se recorda de coisa alguma do que
esqueceu e reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não
como lembrança, mas como ação; repete-o, sem, naturalmente, saber o que está
reprimido – p. 165;
_
aprendemos que o paciente repete ao invés de recordar e repete sob as condições
da resistência – p. 167;
_ o
primeiro passo para superar as resistências é dado, como sabemos, pelo fato de
o analista revelar a resistência que nunca é reconhecida pelo paciente, e
familiarizá-lo com ela. Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer melhor esta
resistência com a qual acabou de se familiarizar, para elaborá-la, pela
continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico segundo a regra
fundamental da análise. Só quando a resistência está em seu auge é que pode o
analista, trabalhando em comum com o paciente, descobrir os impulsos
instintuais reprimidos que estão alimentando a resistência – p. 170/171;
Observações
sobre o amor transferencial (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise
III) (1915[1914])
_ a
interpretação das associações do paciente e lidar com as suas reproduções do
reprimido não são tão difíceis quanto o manejo da transferência – p. 177;
_ o
analista deve reconhecer que o enamoramento da paciente é induzido pela
situação analítica e não deve ser atribuído aos encantos da sua própria pessoa;
de maneira que não tem nenhum motivo para orgulhar-se de tal conquista – p. 178;
_ alerto
para a insensatez do comportamento de alguns médicos de preparar suas pacientes
para o surgimento da transferência ou até mesmo a incentivá-las – p. 179;
_ é
tão desastroso para a análise que o anseio da paciente por amor seja
satisfeito, quanto seja reprimido – p. 183;
_ quanto
mais claramente o analista permite que se perceba que ele está à prova de
qualquer tentação, mais prontamente poderá extrair da situação seu conteúdo
analítico – p. 183;
_ o
amor consiste em novas adições de antigas características e que ele repete
reações infantis. Mas este é o caráter essencial de todo estado amoroso. Não
existe estado deste tipo que não produza protótipos infantis – p. 185;
_
considerações sobre a superação do princípio do prazer – p. 188;
Os
sonhos no folclore (Freud e Oppenheim) (1957[1911])
_ o
simbolismo empregado nesses sonhos coincide inteiramente com o aceito pela
psicanálise – p. 197;
Simbolismo
de pênis em sonhos que ocorrem no folclore
Uma
interpretação de sonho
Um
sonho mau
_
devemos tomar o estado de necessidade material do conteúdo do sonho como
substituto de um estado de necessidade sexual – p. 203;
Simbolismo
das fezes e ações oníricas relacionadas
_ a
psicanálise nos ensinou que, no mais primitivo período da infância, as fezes
constituem substância muito apreciada, em relação à qual os instintos
coprófilos encontram satisfação – p. 204;
Ouro
de sonho
Um
sonho vívido
Cagou
na sepultura
Sonho
e realidade
A
ascensão do camponês ao céu
Estúpido
O
sonho do tesouro
A luz
da vida
De
medo
O anel
da fidelidade
Não
adianta chorar sobre o leite derramado
_ o
folclore interpreta os símbolos oníricos da mesma maneira que a psicanálise –
p. 221;
Sobre
a psicanálise
_
breve resumo histórico da psicanálise – p. 227;
_ os
sintomas histéricos são resíduos(reminiscências) de experiências profundamente
comovedoras. As perspectivas terapêuticas residem na possibilidade de livrar-se
dessa repressão, de modo a permitir que parte do material psíquico inconsciente
se torne consciente e privá-la assim de seu poder patogênico – p. 227;
_ as
dissociações psíquicas se originam devido a conflito interno, que conduziu à
repressão do impulso subjacente. Os sintomas patológicos são realmente os
produtos finais desses conflitos, que conduziram à repressão e à divisão da
mente. Os sintomas são gerados por mecanismos diferentes: a) seja como
formações de substituição das forças reprimidas, seja b) como conciliações
entre as forças repressoras e reprimidas, seja c) como formações reativas e
salvaguardas contra as forças reprimidas. A conclusão que a psicanálise chegou
foi que tais conflitos davam-se sempre entre os instintos sexuais (empregando a
palavra ‘sexual’ em seu sentido mais amplo) e os desejos e tendências do
restante do ego. Nas neuroses são os instintos sexuais que sucumbem à
repressão, e constituem assim a base mais importante para a gênese dos
sintomas, que podem, por conseguinte, ser encarados como substitutos de
satisfações sexuais – p. 228;
_ as
enigmáticas perversões do instinto sexual que ocorrem em adultos parecem ser
inibições de desenvolvimento, fixações ou crescimento assimétricos. Assim, as
neuroses são o negativo das perversões – p. 228;
_ o
desenvolvimento cultural imposto `humanidade é o fator que torna inevitáveis as
restrições e repressões do instinto sexual, sendo exigidos sacrifícios maiores
ou menores, de acordo com a constituição individual. O desenvolvimento quase
nunca é conseguido de modo suave e podem ocorrer distúrbios (quer por causa da
constituição individual ou de incidentes sexuais prematuros), que deixem atrás
de si uma disposição a futuras neuroses. Tias disposições podem permanecer
inofensivas se a vida do adulto progride de modo satisfatório e tranquilo, mas
podem tornar-se patogênicas se as condições da vida madura proíbem a satisfação
da libido ou exigem gravemente sua supressão – p. 229;
_ o
reconhecimento da presença simultânea dos três fatores de ‘infantilismo’,
‘sexualidade’ e ‘repressão’ constitui a principal característica da teoria
psicanalítica. A psicanálise demonstrou que não existe diferença fundamental,
mas apenas de grau, entre a vida mental das pessoas normais, dos neuróticos e
dos psicóticos. Uma pessoa normal tem de passar pelas mesmas repressões e lutar
com as mesmas estruturas substitutas; a única diferença é que ela lida com
esses acontecimentos com menos dificuldade e mais sucesso – p. 229;
_ o
sonho é uma realização disfarçada de um desejo reprimido – p. 230;
_ quem
quer que deseje não ignorar uma verdade fará bem em desconfiar de suas
antipatias – p. 230;
Formulações sobre dois princípios do
funcionamento mental (1911)
_ é um
dos clássicos da psicanálise – p. 235;
_ o
tema principal da obra é a distinção entre os princípios reguladores (o
princípio do prazer e o princípio da realidade) que dominam, respectivamente,
os processos mentais primário e secundário – p. 236;
_ toda
neurose tem como resultado e, portanto, provavelmente, como propósito, arrancar
o paciente da vida real, aliená-lo da realidade. Os neuróticos afastam-se da
realidade por acha-la insuportável, seja no todo ou em parte – p. 237;
_
considerações sobre o princípio do prazer e o princípio da realidade – p.
238/239;
_
parte essencial da disposição psíquica à neurose reside assim na demora em
ensinar aos instintos sexuais a considerar a realidade – p. 241/242;
_
considerações sobre a doutrina da recompensa noutra vida pela renúncia –
voluntária ou forçada – dos prazeres terrenos – p. 242;
_ enquanto
o ego passa por suas transformações, do ego-prazer para o ego-realidade, os
instintos sexuais sofrem as alterações que os levam de seu auto-erotismo
original, através de diversas fases intermediárias, ao amor objetal a serviço
da procriação. A forma assumida pela doença subsequente (a escolha da neurose)
dependerá da fase específica do desenvolvimento do ego e da libido na qual a
inibição disposicional do desenvolvimento ocorreu – p. 243;
Tipos
de desencadeamento da neurose (1912)
_ a
causa precipitante mais óbvia, mais facilmente descobrível e mais inteligível
de um desencadeamento da neurose deve ser vista no fator externo que pode ser
descrito, em termos gerais, como frustação – p. 249;
_ a
frustração tem efeito patogênico por represar a libido e submeter assim o
indivíduo a um teste de quanto tempo ele pode tolerar este aumento de tensão
psíquica – p. 249;
_ duas
possibilidades de permanecer sadio quando há uma frustação persistente de
satisfação no mundo real – p. 250;
_ o
feito imediato da frustração reside em ela colocar em jogo os fatores
disposicionais que até então haviam sido inoperantes – p. 250;
_ risco
da libido tornar-se introvertida, o indivíduo vira as costas à realidade e
volta-se para o mundo da fantasia – p. 250;
_ possibilidade
de o indivíduo cair enfermo por tentar adaptar-se à realidade – p. 251;
_
importância dos fatores da disposição, constituição e experiência – p. 251;
_ a
frustação não vem imediatamente do mundo externo, mas, em primeiro lugar, de
certas tendências no ego do indivíduo – p. 252;
_ a
psicanálise alertou-nos de que devemos abandonar o contraste infrutífero entre
fatores internos e externos, entre experiência e constituição, e ensinou-nos
que invariavelmente encontraremos a causa do desencadeamento da enfermidade
neurótica numa situação psíquica específica que pode ser ocasionada de várias
maneiras – p. 255;
Contribuições
a um debate sobre a masturbação (1912)
_ é o
mais amplo trabalho de Freud sobre a masturbação – p. 259;
_
divisão do estudo segundo a idade do indivíduo: bebê, criança e puberdade – p.
264;
_ a
diferença entre a pessoa normal e o neurótico não é se existem complexos e
conflitos, e sim se eles tornaram-se patogênicos – p. 267;
_
derivamos a neurose de um conflito entre os impulsos sexuais de uma pessoa e
suas outras tendências do ego – p. 268;
_
considerações sobre a masturbação inconsciente – p. 271;
_ a
masturbação como vício primário, do qual todos os vícios posteriores (do
álcool, fumo, morfina, etc) são substitutos – p. 272;
Uma
nota sobre o inconsciente na psicanálise (1912)
_ uma
concepção inconsciente é uma concepção da qual não estamos cientes, mas cuja
existência, não obstante, estamos prontos a admitir, devido a outras provas ou
sinais – p. 277;
_
considerações sobre a distinção entre consciente e inconsciente, sobre
pré-consciente e sobre divisão da consciência – p. 278/279/280;
_ a
teoria mais provável que podemos formular é a de que a inconsciência é uma fase
regular e inevitável nos processos que constituem nossa atividade psíquica;
todo ato psíquico começa como um ato inconsciente e pode permanecer assim ou
continuar a evoluir para a consciência – p. 281;
_
considerações sobre a formação onírica – p. 282;
_ as
leis da atividade inconsciente diferem amplamente daquelas da consciente – p.
282;
Um
sonho probatório (1913)
_ os
chamados resíduos diurnos podem atuar como perturbadores do sonho e
construtores de sonhos. Esses resíduos do dia, contudo, não são o próprio
sonho, falta-lhes o elemento essencial principal de um sonho. São, estritamente
falando, apenas o material psíquico para a elaboração onírica, exatamente como
os estímulos sensórios e somáticos, quer acidentais quer produzidos sob
condições experimentais, constituem o material somático para a elaboração onírica
– p. 293;
_ o
fator essencial na construção de sonhos é um desejo inconsciente – p. 294;
A
ocorrência, em sonhos, de material oriundo de contos de fadas (1913)
_
algumas pessoas transformaram os contos de fadas em lembranças encobridoras –
p. 303;
O tema
dos três escrínios (1913)
_
considerações sobre duas cenas de Shakespeare para explicar o tema dos três
escrínios – p. 313;
_
considerações sobre Páris, Psiqué, Afrodite, Cordélia e Cinderela – p. 315;
_
transformação do mito da natureza em mito humano – p. 319;
_ o
home faz uso de sua atividade imaginativa para satisfazer os desejos que a
realidade não satisfaz – p. 320;
_
relações dos três escrínios com a relação homem-mulher e homem-mãe – p. 323;
Duas
mentiras contadas por crianças (1913)
_ em
certo número de mentiras contadas por crianças possuem significação especial e
deveriam fazer com que seus responsáveis refletissem, de preferência a ficarem
zangados – p. 329;
_
seria sério equívoco interpretar más ações infantis como estas como prognóstico
de desenvolvimento de um mal caráter – p. 332;
A
disposição à neurose obsessiva – uma contribuição ao problema da escolha da
neurose (1913)
_ este
artigo foi lido por Freud perante o Quarto Congresso Psicanalítico
Internacional, realizado em Munique em 7 e 8 de setembro de 1913 – p. 335;
_
considerações sobre os estádios de desenvolvimento dos instintos sexuais:
auto-erotismo e narcísico; e oral, anal e fálico – p. 338;
_
divisão dos determinantes patogênicos envolvidos na neurose em aquele que a
pessoa traz consigo para sua vida, e aqueles que a vida lhe traz – o
constitucional (hereditário) e o acidental – p. 339;
_
esses desenvolvimentos não são serenamente realizados, onde quer que uma parte
dela se apegue a um estágio anterior resulta o que se chama de ‘ponto de
fixação’ – p. 339;
_
primeira tentativa de elucidar a questão da escolha da neurose ligava a ordem
em que as principais formas de psiconeuroses – histeria, neurose obsessiva,
paranoia, demência precoce, à ordem das idades em que o desencadeamento dessas
perturbações ocorria – p. 340;
_
abandono da teoria que apontava a histeria para a passividade e a neurose
obsessiva para a atividade na experiência infantil teve de ser abandonada, por
incorreta – p. 341;
_
tenho boas razões para asseverar que todos possuem, em seu próprio inconsciente,
um instrumento com que podem interpretar as elocuções do inconsciente das
outras pessoas – p. 342;
_ após
as mulheres perderem a função genital seu caráter, amiúde, sofre uma alteração
peculiar – p. 345;
_ a
predisposição desenvolvimental a uma neurose só é completa se a fase do
desenvolvimento do ego em que a fixação ocorre é levada em consideração, assim
como a da libido – p. 346;
_ os
neuróticos obsessivos têm de desenvolver uma super-moralidade a fim de proteger
seu amor objetal da hostilidade que espreita por trás dele – p. 346;
_ o
ódio, e não o amor, é a relação emocional primária entre os homens – p. 347;
Introdução
a The Psycho-analytic Method, de Pfister (1913)
_
primeiro apelo publicado em favor do reconhecimento dos analistas não médicos –
p. 351;
_ os
sintomas patológicos amiúde nada mais são que substitutos de inclinações más,
isto é, inúteis, e que os determinantes desses sintomas são estabelecidos nos
anos de infância e juventude – p. 353;
_ a
educação constitui uma profilaxia; a psicoterapia, uma espécie de pós-educação
– p. 354;
Prefácio
a Scatalogic Rites of all nations, de Bourke (1913)
_ a
lição de que a limpeza corporal é muito mais prontamente associada ao vício que
à virtude, amiúde, me ocorreu posteriormente – p. 361;
_ o
bebê humano é obrigado a recapitular, durante a primeira parte de seu
desenvolvimento, as mudanças na atitude da raça humana para com matérias
excrementícias – p. 362;
_
importantes constituintes na formação do caráter se desenvolvem ou fortalecem a
partir da repressão das inclinações coprófilas – p. 362;
_
parte das antigas preferências persiste, parte das inclinações coprófilas
continua a operar na vida posterior e se expressa nas neuroses, perversões e
maus hábitos dos adultos – p. 363;
Breves
Escritos (1911-1913)
A
significação das sequências de vogais (1911)
_
entre os antigos hebreus, o nome de Deus era tabu; não podia ser falado em voz
alta, nem registrado por escrito – p. 367;
Prefácio
a Os Distúrbios Psíquicos da potência masculina, de Maxim Steiner
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