Discutir religião e
religiosidade é uma tarefa que se reveste de grande responsabilidade, tendo em
vista a frequência com que se observam sobreposições de conceitos relacionados a
esses dois temas.
Segundo Valle (1998),
religiosidade pode ser entendida como uma experiência pessoal e única da
religião, ou seja, “a face subjetiva da religião”. Também, Giovanetti (2005)
diz que o termo religiosidade implica a relação do ser humano com um ser
transcendente.
Para Pessini (2004), há
uma preocupação crescente de busca pelo significado da vida em detrimento das crenças
religiosas tradicionais, mas o que o homem busca no momento atual é uma nova
religiosidade denominada de espiritualidade.
Frankl (2006), ao
discutir sobre o tema, destaca que o homem tem caminhos ao encontro de uma
religiosidade pessoal que independe de religiões, conceitos e atribuições de
sagrado ao mundo; que cada indivíduo, na busca de sentido para sua existência,
poderá ou não encontrá-lo na religiosidade, já que se trata de uma busca
particular e única, fazendo-se mister destacar que, ainda assim, haverá ritos e
símbolos em comum.
Angeramim (2008) entende religiosidade como um anseio pelo sagrado, pelo
divino ou, simplesmente, por algo superior, que pode ser definido como a
energia que nos move em direção aos diferentes conceitos existentes a cerca de
Deus. Assim, a busca pelos caminhos da religiosidade pode ser feita pelo
direcionamento sistematizado de determinada religião, mas, também, por si
mesmo, pelos mais diferentes caminhos e buscas.
Segundo Sommerhalder e Goldstein (2006), religiosidade e
espiritualidade são compreensões diferentes: “enquanto espiritualidade remete a
uma reflexão “sobre”, a religiosidade remete a uma reflexão “com”. Essa relação pode ser com Deus, com uma entidade ou com um
ser superior, diferentemente nomeado.
Segundo Flankl (2006), a
experiência religiosa é extremamente importante no caminho da busca do sentido
da vida e que o homem irreligioso não foi capaz de dar esse último passo – o da
experiência religiosa – escolhendo ficar no meio do caminho. Caminhando rumo ao
sentido, o homem irreligioso parou antes do tempo, pois não foi capaz de
perguntar para além de sua consciência. O autor ressalta ainda que a consciência moral – ou
voz da transcendência – guia o homem em suas respostas às perguntas que a vida
lhe faz através de situações concretas, e que o homem, ao respondê-las, pode
atribuir a esse diálogo uma característica de experiência religiosa
À luz dessas conceituações
podemos dizer que a religiosidade, caracterizada por uma necessidade e/ou
sentimento de conexão com o transcendente (o divino), está assentada na
subjetividade do Ser e sua prática não precisa estar ligada a instituições
religiosas, o que a diferencia da religião propriamente dita. Obviamente ela
inclui crenças pessoais – em Deus, num poder superior e até em determinadas
práticas ou ritos –, mas não carece da instituição religiosa para o seu
exercício, não pressupõe compromisso ou sentimento de pertença.
Jeruzia
Costa de Medeiros
* Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-graduação (Lato
Senso) em Psicologia Transpessoal da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro em
parceria com o Instituto Celta, como requisito parcial para obtenção do Título
de Especialista em Psicologia Transpessoal.
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