Certa
feita, ouvi um colega psicanalista comentar que havia atendido uma paciente que
chegara ao seu consultório reclamando que estava sendo assediada por um
ex-namorado. Narrava a referida paciente que havia se relacionado com ele há
mais de dez anos e agora, casada, ele, também casado, retornara a lhe telefonar,
repetidas vezes, querendo aproximar-se, mas ela desconfiava, pela intensidade
do afeto demonstrada, que ele queria algo mais íntimo.
Assim,
ela procurou o colega indagando o que fazer nessa situação. Durante a anamnese,
verificou-se que a paciente não estava bem no seu casamento e, há muito,
acalentava por uma solução mágica para os seus conflitos. Demonstrou ter uma
enorme carência afetiva, remetendo, dentre outras questões, para uma fixação na
fase auto-erótica infantil.
Nesse
contexto, lembrou o colega, não seria inadequado comparar seu estado de
fragilidade e o assédio de seu ex-namorado à situação das pessoas acometidas
pelo vírus HIV, as quais têm a imunidade diminuída com a consequente
contaminação por doenças oportunistas.
Somente
a retomada do equilíbrio emocional facultará à paciente a imunidade à situação
descrita e a qualquer outra.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e detalhes pessoais são modificados para preservar a identidade dos pacientes.
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