Após ter reencontrado seus
velhos amigos, Sri Buddu
Amurti, Lama Tahju e Swami Elisol, Tata e seu
discípulo retornaram às suas terras, onde Tata era tido como uma figura que gozava
de grande respeitabilidade e possuidor de elevada sabedoria. Ao aproximarem-se
da entrada do reino, uma pequena multidão veio ao seu encontro. O grupo
aguardava ansioso o retorno do mestre ao reinado no intuito de encarregá-lo de
liderá-los até a capital do reino para protestarem em busca das reformas
sociais que almejavam e caso não fossem atendidas suas demandas, pressionavam
pela promoção de uma revolta.
Após ouvir atentamente as
alegações, por vezes exaltadas, de vários componentes do grupo, Tata disse que
estava disposto, em razão das justificadas argumentações e legítimas demandas,
a ir até as últimas consequências com a entusiasmada turba, desde que eles se
comprometessem a responder com plena sinceridade alguns questionamentos.
Ao ouvir as palavras de Tata
e sabedor que Tata tinha o dom de identificar quando alguém era insincero,
antes mesmo do guru fazer a primeira indagação, a maior parte do grupo foi
saindo, aos poucos. Da pequena multidão inicial, só restou um punhado de
pessoas, dentre as quais não havia nenhum exaltado.
Com o pequeno grupo, Tata
deu início a um simples exercício de regressão, no qual cada um conseguiu
identificar as questões mal resolvidas com a maternidade e/ou a paternidade.
Após a referida ascese, Tata orientou cada um a retornar a seus lares e
resolver as suas pendências primordiais por meio do perdão, da aceitação e da
não-resistência, e afirmou que antes de tentar curar o mundo, as pessoas devem
curar a si mesmas.
Para o discípulo, aquele
havia sido um dia de inesperados aprendizados. Após a última pessoa,
alegremente, partir, o fiel escudeiro dirigiu-se ao mestre e disse o quão
maravilhoso havia sido aquele dia e indagou se seria possível o guru fazer uma
explanação dos processos inconscientes envolvidos no episódio, ao que Tata
respondeu: “A psique humana é composta dos condicionamentos oriundos dos
ancestrais e também das estruturas vivenciadas durante a vida. Neste segundo
componente (adquirido), tem especial relevância os eventos ocorridos na
infância, e em especial a relação com a maternidade e com a paternidade. Todas
as demandas dos adultos são frutos das insatisfações e das dores da criança
interna. Assim, toda cura emocional, e por consequência a saúde mental, passa
pela sincera disposição do indivíduo em evoluir e se autoconhecer.” Perguntou,
ainda, o curioso companheiro de viagem: “Por que as pessoas que saíram no
início não quiseram se submeter à sinceridade?” Ao que Tata respondeu: “Para
muitos, a dor é a melhor amiga.”
*desenho de Jailson Arquino
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