Este blog destina-se àqueles que tem interesse em questões ligadas à espiritualidade, à evolução integral e estão sempre em busca do conhecimento.
terça-feira, 30 de junho de 2015
segunda-feira, 29 de junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
Conto - Sorrisos Mágicos - Cristiane Caracas
Franzina,
cabelos castanhos ondulados e brilhantes era Catarina. Tinha recebido na escola
o apelido de pé de vento já que insuperável na corrida. Catarina era aquilo:
travessa, inquieta e sapeca.
Certo
dia, sua avó chegou à casa com uma novidade, iam ao circo. A menina logo tratou
de colocar seu vestido preferido: aquele com babados e laço azul de fita. E
assim foram, Catarina e a avó para o maior espetáculo do mundo, era o que dizia
o letreiro do Circo.
Tudo
ia de boa, as duas se divertiam quando chegou a atração dos palhaços e um deles,
em especial, chamou a atenção da menina, era o triste Pierrô. Catarina
intrigou-se com aquela dualidade de alegria no ornamento e tristeza na face.
Indagou da sua avó como poderia um palhaço ser triste? Afinal nem combinava o colorido com as lágrimas.
A
avó do alto de sua experiência respondeu: “É que, de quando em quando, minha neta,
somos como os palhaços deste circo, por vezes alegres, por vezes tristes e
sempre que a melancolia invade a alma nos travestimos de Pierrô em um disfarce do
desalento”. Catarina não compreendeu bem as palavras da avó, atinou, porém, que
por trás das máscaras tristes ou alegres sempre existe o homem/palhaço, desnudo
porque aprendeu que é preciso sair de si para reencontrar-se no avesso do eu.
Na
saída do circo, entretanto, a criança, ligeira com seus pés de vento, terminou
por esbarrar no Pierrô triste e lá de foram os dois ao chão. Catarina sorriu para
o palhaço que agora se desmanchava em risos altos e soltos. Aquela imagem
atentou a menina sapeca para o poder mágico dos sorrisos, pois não importava o
tamanho ou aparência da tristeza, sempre haveria um remédio eficaz para aquela
dor interior de que sua avó falava: são os sorrisos mágicos que não podem ser
olvidados e devem ser ministrados em doses diárias, perenes e abstratas.
Catarina se foi, mas deixou no circo uma lição: o maior espetáculo da vida é
feito por cada um quando não desistimos de rir de nós mesmos com os tais sorrisos
mágicos, ainda que os fatos e as circunstâncias insistam em nos trajar de pierrôs.
Cristiane Caracas
28/6/2015
sábado, 27 de junho de 2015
sexta-feira, 26 de junho de 2015
quinta-feira, 25 de junho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Caso Clínico em Psicanálise V - A função da ovelha negra ou O poder destruidor da vida de aparências - José Anastácio de Sousa Aguiar
Era evidente a tristeza e o abatimento
de Maia, mulher contando com cerca de 40 anos, aparentando, entretanto, muito
mais. Contou-me ela que me procurara em razão dos problemas causados pela
filha, Mara Eco. Relatou a desolada mãe, que a sua filha única era considerada
na família a ovelha negra, pois a partir da pré-adolescência tornou-se rebelde,
indócil e irritadiça. Já na adolescência, envolveu-se com drogas e chegava a
passar dias sem dormir em casa.
Pedi que ela me reportasse a sua vida e
a sua relação com o marido. Após uma hesitação inicial, contou-me, acompanhado
de muitas lágrimas, que o seu casamento era um desastre. Ela casara cedo em
razão de ter engravidado, entretanto, na verdade, nunca o amara (nem ele a ela,
supunha). A vida do casal, desde sempre, era uma falácia, mas a situação
piorara quando ela descobriu que o marido levava uma vida dupla, posto que o
mesmo se relacionava com outro homem. Assim, Maia passou a dedicar-se
totalmente ao trabalho como fuga de seus problemas pessoais. Nesse ambiente,
Mara nascera e crescera.
Pois bem, a filha do casal representava
todo o desajuste da relação familiar, funcionando, na verdade, como um espelho
da vida de aparências levada por aquela família. Mara, que à primeira vista era
tida como algoz da tranquilidade do lar, era, em verdade, vítima do desamor de
seus pais.
A inexistência da sinceridade,
companheirismo e diálogo gerou todo o desequilíbrio familiar. Assim, a toda
evidência, somente com o cultivo das referidas qualidades poder-se-ia
restabelecer a harmonia.
José Anastácio de Sousa Aguiar
* nomes, sexos e alguns detalhes foram
alterados para proteger a identidade dos pacientes.
Resumo do Livro XIX - O Ego e o Id e outros trabalhos (1923-1925)
Resumo
do Livro XIX – O Ego e o Id e outros trabalhos (1923-1925)
O
Ego e o Id
Introdução
do editor inglês
_ ‘O orador repetiu a
conhecida história do desenvolvimento do conceito de “inconsciente” em
psicanálise. “Inconsciente” foi, em primeira instância, um termo puramente
descritivo, que, por conseguinte, incluía o que é temporariamente latente. A
visão dinâmica do processo de repressão, contudo, tornou necessário fornecer ao
inconsciente um sentido sistemático, de maneira que tivesse de ser igualado ao
reprimido. O que é latente e apenas temporariamente inconsciente recebeu o nome
de “pré-consciente” e, do ponto de vista sistemático, foi colocado em
proximidade estreita com o consciente. O significado duplo do termo
“inconsciente” indubitavelmente envolvia desvantagens, embora elas fossem de
pequena significação e difíceis de evitar. Demonstrou-se, contudo, que não é
praticável encarar o reprimido como coincidindo com o inconsciente, e o ego com
o pré-consciente e o consciente. O orador debateu os dois fatos que mostram que
também no ego existe um inconsciente, que se comporta dinamicamente como o
inconsciente reprimido: os dois fatos de uma resistência que deriva do ego
durante a análise e de um sentimento de culpa inconsciente. Anunciou que em
livro a aparecer brevemente – O Ego e o Id – fez uma tentativa de avaliar a
influência que estas novas descobertas devem ter sobre nossa visão do
inconsciente.’. – p. 16;
_ Mas surgiu então a questão
de saber se, aplicado a um sistema,
o termo ‘inconsciente’ seria apropriado. No quadro estrutural da mente, o que,
desde o início, fora muito claramente diferenciado de ‘o inconsciente’, fora ‘o
ego’. E agora começava a parecer que o próprio ego deveria ser parcialmente
descrito como ‘inconsciente’. Isso foi apontado em Além do Princípio de Prazer, numa frase que,
na primeira edição (1920g),
dizia: ‘Pode ser que grande parte do ego seja, ela mesma, inconsciente; somente
uma parte dele, provavelmente, é abrangida pelo termo “pré-consciente”.’ Na
segunda edição, um ano depois, essa frase foi alterada para: ‘É certo que
grande parte do ego é, ela mesma, inconsciente (…); somente uma pequena parte
dele é abrangida pelo temo “pré-consciente” ’ Essa descoberta e os fundamentos
para ela foram enunciados com insistência ainda maior no primeiro capítulo do
presente trabalho. – p. 18;
_ As funções do sistema Cs. (Pcs.), tal como
enumeradas em ‘O Inconsciente’ (Ed. Standard
Bras., Vol. XIV, pág. 216), incluem atividades como a censura, o teste da
realidade, e assim por diante, todas as quais são agora atribuídas ao ‘ego’. Há
uma função específica, contudo, cujo exame deveria conduzir a resultados
momentosos: a faculdade autocrítica. Esta e o ‘sentimento de culpa’,
correlacionado, atraíram o interesse de Freud desde os primeiros dias,
principalmente em vinculação com a neurose obsessiva. Sua teoria de que as
obsessões são ‘autocensuras transformadas’ por um prazer sexual fruído na
infância foi plenamente explicada na Seção II de seu segundo artigo sobre ‘As
Neuropsicoses de Defesa’ (1896b),
após ter sido delineado um pouco mais cedo em suas cartas a Fliess. Que as
autocensuras podem ser inconscientes, já se achava implícito nessa etapa e foi
enunciado de modo específico no artigo sobre ‘Obsessive Actions and Religious
Practices’ (1907b),
Standard Ed., 9,
123. Foi somente com o conceito de narcisismo, contudo, que se pôde lançar luz
sobre o mecanismo real dessas autocensuras. Na Seção III de seu artigo sobre
narcisismo (1914c),
Freud começou por sugerir que o narcisismo da primeira infância é substituído
no adulto pela devoção a um ideal do ego erigido dentro de si próprio. Apresentou
então a noção de que pode haver ‘uma instância psíquica especial’ cuja tarefa é
vigiar o ego real e medi-lo pelo ego ideal ou ideal do ego – ele parecia
utilizar indiscriminadamente os termos (Ed. Standard
Bras. Vol. XIV, pág. 112). – p. 21;
_ Mas essa distinção pode
parecer artificial quando nos voltamos para a descrição, feita por Freud, da
gênese do superego. Essa descrição (no Capítulo III) é indubitavelmente a parte
do livro que se perde em importância para a tese principal da divisão tríplice
da mente. O superego é aí mostrado como derivado de uma transformação das
primitivas catexias objetais da criança em identificações: ele toma o lugar do
complexo de Édipo. Este mecanismo (a substituição de uma catexia objetal por
uma identificação e introjeção do objeto anterior) foi primeiramente aplicado
por Freud (em seu estudo de Leonardo, 1910c) à explicação de determinado tipo
de homossexualidade, no qual um menino substitui seu amor pela mãe
identificando-se com ela (Ed. Standard
Bras., Vol. XI, pág. 93). Aplicou a seguir a mesma noção a estudos de depressão
em ‘Luto e Melancolia’ (1917e),
ibid., Vol. XIV,
pág. 281. Exames ulteriores e mais elaborados desses diversos tipos de
identificações e introjeções foram desenvolvidos nos Capítulos VII, VIII e XI
de Psicologia de Grupo
(1921c), mas foi
somente no presente trabalho que Freud chegou às suas opiniões finais sobre a
derivação do superego das primitivas relações objetais da criança. – p. 22;
O Ego e o Id
I – A consciência e o que é
inconsciente
_ A divisão do psíquico em o
que é consciente e o que é inconsciente constitui a premissa fundamental da
psicanálise, e somente ela torna possível a esta compreender os processos
patológicos da vida mental, que são tão comuns quanto importantes, e encontrar
lugar para eles na estrutura da ciência. Para dizê-lo mais uma vez, de modo
diferente: a psicanálise não pode situar a essência do psíquico na consciência,
mas é obrigada a encarar esta como uma qualidade do psíquico, que pode achar-se
presente em acréscimo a outras qualidades, ou estar ausente. – p. 27;
_ ‘Estar consciente’ é, em
primeiro lugar, um termo puramente descritivo, que repousa na percepção do
caráter mais imediato e certo. A experiência demonstra que um elemento psíquico
(uma idéia, por exemplo) não é, via de regra, consciente por um período de
tempo prolongado. Pelo contrário, um estado de consciência é,
caracteristicamente, muito transitório; uma idéia queé consciente agora não o é
mais um momento depois, embora assim possa tornar-se novamente, em certas
condições que são facilmente ocasionadas. No intervalo, a idéia foi… Não
sabemos o quê. Podemos dizer que esteve latente,
e, por isso, queremos dizer que era capaz
de tornar-se consciente a qualquer momento. Ora, se dissermos que
era inconsciente,
estaremos também dando uma descrição correta dela. Aqui ‘inconsciente’ coincide
com ‘latente e capaz de tornar-se consciente’. Os filósofos sem dúvida
objetariam: – Não, o termo ‘inconsciente’ não é aplicável aqui; enquanto a
idéia esteve em estado de latência, ela não foi algo psíquico de modo algum. –
Contradizê-los neste ponto não conduziria a nada mais proveitoso que uma
disputa verbal. – p. 27/28;
_ O estado em que as idéias
existiam antes de se tornarem conscientes é chamado por nós de repressão, e
asseveramos que a força que instituiu a repressão e a mantém é percebida como resistência
durante o trabalho de análise.
Obtemos assim o nosso conceito de inconsciente a
partir da teoria da repressão. O reprimido é, para nós, o protótipo do
inconsciente. Percebemos, contudo, que temos dois tipos de inconsciente: um que
é latente, mas capaz de tornar-se consciente, e outro que é reprimido e não é,
em si próprio e sem mais trabalho, capaz de tornar-se consciente. Esta
compreensão interna (insight) da dinâmica psíquica não pode deixar de
afetar a terminologia e a descrição. Ao latente, que é inconsciente apenas
descritivamente, não no sentido dinâmico, chamamos de pré-consciente;
restringimos o termo inconsciente ao reprimido dinamicamente
inconsciente, de maneira que temos agora três termos, consciente (Cs.),
pré-consciente (Pcs.) e inconsciente (Ics.), cujo sentido não é
mais puramente descritivo. O Pcs. acha-se provavelmente muito mais
próximo do Cs. que o Ics., e desde que chamamos o Ics. de
psíquico, chamaremos, ainda com menos hesitação, o Pcs. latente de
psíquico. Mas por que, ao invés disto, não concordamos com os filósofos e, de
maneira coerente, distinguimos o Pcs., assim como o Ics., do
psíquico consciente? Os filósofos proporiam então que o Pcs. e o Ics.
fossem descritos como duas espécies ou estágios do ‘psicóide’ e a harmonia se
estabeleceria. Porém, dificuldades infindáveis de exposição se seguiriam, e o
fato importante de que estes dois tipos de ‘psicóide’ coincidem em quase todos
os outros aspectos com o que é admitidamente psíquico seria forçado para o
segundo plano, nos interesses de um preconceito que data de um período em que
esses psicóides, ou a parte mais importante deles, eram ainda desconhecidos.
Podemos agora trabalhar comodamente com nossos três
termos, Cs., Pcs., e Ics., enquanto não esquecermos que, no
sentido descritivo, há dois tipos de inconsciente, mas, no sentido dinâmico,
apenas um. – p. 28/29;
_ Formamos a idéia de que em
cada indivíduo existe uma organização coerente de processos mentais e chamamos
a isso o seu ego.
É a esse ego que a consciência se acha ligada: o ego controla as abordagens à
motilidade – isto é, à descarga de excitações para o mundo externo. Ele é a
instância mental que supervisiona todos os seus próprios processos
constituintes e que vai dormir à noite, embora ainda exerça a censura sobre os
sonhos. Desse ego procedem também as repressões, por meio das quais procura-se
excluir certas tendências da mente, não simplesmente da consciência, mas também
de outras formas de capacidade e atividade. – p. 30;
_ Reconhecemos que o Ics. não coincide com o
reprimido; é ainda verdade que tudo o que é reprimido é Ics., mas nem tudo o que é
Ics. é reprimido.
Também uma parte do ego – e sabem os Céus que parte tão importante – pode ser Ics., indubitavelmente é Ics. E esse Ics. que pertence ao ego
não é latente como o Pcs.,
pois, se fosse, não poderia ser ativado sem tornar-se Cs., e o processo de
torná-lo consciente não encontraria tão grandes dificuldades. Quando nos vemos
assim confrontados pela necessidade de postular um terceiro Ics., que não é reprimido,
temos de admitir que a característica de ser inconsciente começa a perder
significação para nós. Torna-se uma qualidade quepode ter muitos significados,
uma qualidade da qual não podemos fazer, como esperaríamos, a base de
conclusões inevitáveis e de longo alcance. Não obstante, devemos cuidar para
não ignorarmos esta característica, pois a propriedade de ser consciente ou não
constitui, em última análise, o nosso único farol na treva da psicologia
profunda. – p. 31;
II – O Ego e o Id
_ A pesquisa patológica
dirigiu nosso interesse de modo excessivamente exclusivo para o reprimido.
Gostaríamos de aprender mais sobre o ego, agora que sabemos que também ele pode
ser inconsciente no sentido correto da palavra. Até agora, a única orientação que
tivemos durante nossas investigações foi a marca distinguidora de ser
consciente ou inconsciente; acabamos por ver quão ambíguo isso pode ser.
Ora, todo o nosso conhecimento está invariavelmente
ligado à consciência. Só podemos vir a conhecer, mesmo o Ics.,
tornando-o consciente. Detenhamo-nos, porém: como é isso possível? O que
queremos dizer quando dizemos ‘tornar algo consciente’? Como é que isso pode
ocorrer?
Já conhecemos o ponto do qual temos de partr, com
relação a isso. Dissemos que a consciência é a superfície do aparelho
mental, ou seja, determinamo-la como função de um sistema que, espacialmente, é
o primeiro a ser atingido a partir do mundo externo, e espacialmente não apenas
no sentido funcional, mas também, nessa ocasião, no sentido de dissecção
anatômica. Também nossas investigações devem tomar essa superfície perceptiva
como ponto de partida. – p. 33;
_ Em outro lugar, já sugeri
que a diferença real entre uma idéia (pensamento) do Ics. ou do Pcs.
consiste nisto: que a primeira é efetuada em algummaterial que permanece
desconhecido, enquanto que a última (a do Pcs.) é, além disso, colocada
em vinculação com representações verbais. Esta é a primeira tentativa de
indicar marcas distinguidoras entre os dois sistemas, o Pcs. e o Ics.,
além de sua relação com a consciência. A pergunta ‘Como uma coisa se torna
consciente?’ seria assim mais vantajosamente enunciada: ‘Como uma coisa se
torna pré-consciente?’ E a resposta seria: ‘Vinculando-se às representações
verbais que lhe são correspondentes.’
Essas representações verbais são resíduos de
lembranças; foram antes percepções e, como todos os resíduos mnêmicos, podem
tornar-se conscientes de novo. Antes de nos interessarmos mais por sua
natureza, torna-se evidente para nós, como uma nova descoberta, que somente
algo que já foi uma percepção Cs. pode tornar-se consciente, e que
qualquer coisa proveniente de dentro (à parte os sentimentos) que procure
tornar-se consciente deve tentar transformar-se em percepções externas: isto se
torna possível mediante os traços mnêmicos. – p. 34;
_ Ora, acredito que muito
lucraríamos seguindo a sugestão de um escritor que, por motivos pessoais,
assevera em vão que nada tem a ver com os rigores da ciência pura. Estou
falando de Georg Groddeck, o qual nunca se cansa de insistir que aquilo que
chamamos de nosso ego comporta-se essencialmente de modo passivo na vida e que,
como ele o expressa, nós somos ‘vividos’ por forças desconhecidas e
incontroláveis. Todos nós tivemos impressões da mesma espécie, ainda que não
nos tenham dominado até a exclusão de todas as outras, e precisamos não sentir
hesitação em encontrar um lugar para a descoberta de Groddeck na estrutura da
ciência. Proponho levá-la em consideração chamando a entidade que tem início no
sistema Pcpt. e
começa por ser Pcs.
de ‘ego’, e seguindo Groddeck no chamar a outra parte da mente, pela qual essa
entidade se estende e que se comporta como se fosse Ics., de ‘id’.. – p. 37;
_ O ego representa o que
pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as
paixões. – p. 39;
_ Há outro fenômeno,
contudo, que é mais estranho. Em nossas análises, descobrimos que existem
pessoas nas quais as faculdades de autocrítica e consciência (conscience) – atividades
mentais, isto é, que se classificam como extremamente elevadas – são inconscientes
e inconscientemente produzem efeitos da maior importância; o exemplo da
resistência que permanece inconsciente durante a análise não é, portanto, de
maneira alguma único. Mas esta nova descoberta, que nos compele, apesar de
nosso melhor juízo crítico, a falar de um ‘sentimento inconsciente de culpa’,
desnorteia-nos mais que a outra e nos propõe novos problemas, especialmente
quando gradativamente chegamos a perceber que num grande número de neuroses um
sentimento inconsciente de culpa desse tipo desempenha um papel econômico
decisivo e coloca os obstáculos mais poderosos no caminho do restabelecimento.
Se retornarmos mais uma vez à nossa escala de valores, teremos de dizer que não
apenas o que é mais baixo, mas também o que é mais elevado no ego, pode ser
inconsciente. É como se fôssemos assim supridos com uma prova do que acabamos
de asseverar quanto ao ego consciente: que ele é, primeiro e acima de tudo, um
ego corporal. –
p. 40/41;
III – O Ego e o Superego
(Ideal do Ego)
_ Se o ego fosse
simplesmente a parte do id modificada pela influência do sistema perceptivo, o
representante na mente do mundo externo real, teríamos um simples estado de
coisas com que tratar. Mas há uma outra complicação.
As considerações que nos levaram a presumir a
existência de uma gradação no ego, uma diferenciação dentro dele, que pode ser
chamada de ‘ideal do ego’ ou ‘superego’, foram enunciadas em outro lugar. Elas
ainda são válidas. O fato de que essa parte do ego está menos firmemente
vinculada à consciência é a novidade que exige explicação. – p.
43;
_ Todo esse assunto é,
contudo, tão complicado, que será necessário abordá-lo pormenorizadamente. A
dificuldade do problema se deve a dois fatores: o caráter triangular da
situação edipiana e a bissexualidade constitucional de cada indivíduo. – p. 46;
_ O amplo resultado geral da
fase sexual dominada pelo complexo de Édipo pode, portanto, ser tomada como
sendo a formação de um precipitado no ego, consistente dessas duas
identificações unidas uma com a outra de alguma maneira. Esta modificação do
ego retém a sua posição especial; ela se confronta com os outros conteúdos do
ego como um ideal do ego ou superego.
O superego, contudo, não é simplesmente um resíduo
das primitivas escolhas objetais do id; ele também representa uma formação
reativa enérgica contra essas escolhas. – p. 48/49;
_ O ideal do ego, portanto,
é o herdeiro do complexo de Édipo, e, assim, constitui também a expressão dos
mais poderosos impulsos e das mais importantes vicissitudes libidinais do id.
Erigindo esse ideal do ego, o ego dominou o complexo de Édipo e, ao mesmo
tempo, colocou-se em sujeição ao id. Enquanto que o ego é essencialmente o
representante do mundo externo, da realidade, o superego coloca-se, em
contraste com ele, como representante do mundo interno, do id. Os conflitos
entre o ego e o ideal, como agora estamos preparados para descobrir, em última
análise refletirão o contraste entre o que é real e o que é psíquico, entre o
mundo externo e o mundo interno.
Através da formação do ideal, o que a biologia e as
vicissitudes da espécie humana criaram no id e neste deixaram atrás de si, é
assumido pelo ego e reexperimentado em relação a si próprio como indivíduo.
Devido à maneira pela qual o ideal do ego se forma, ele possui os vínculos mais
abundantes com a aquisição filogenética de cada indivíduo – a sua herança
arcaica. O que pertencia à parte mais baixa da vida mental de cada um de nós é
transformado, mediante a formação do ideal no que é mais elevado na mente humana
pela nossa escala de valores. Seria vão, contudo, tentar localizar o ideal do
ego, mesmo no sentido em que localizamos o ego, ou encaixá-lo em qualquer das
analogias com auxílio das quais tentamos representar a relação entre o ego e o
id. –
p. 50/51;
_ A tensão entre as
exigências da consciência e os desempenhos concretos do ego é experimentada
como sentimento de culpa. Os sentimentos sociais repousam em identificações com
outras pessoas, na base de possuírem o mesmo ideal do ego. – p. 51;
_ Dessa maneira, no id, que
é capaz de ser herdado, acham-se abrigados resíduos das existências de
incontáveis egos; e quando o ego forma o seu superego a partir do id, pode
talvez estar apenas revivendo formas de antigos egos e ressuscitando-as. – p.
53;
IV – As duas classes de
instintos
_ Já dissemos que, se a
diferenciação que efetuamos na mente de um id, um ego e um superego, representa
qualquer progresso em nosso conhecimento, deveria capacitar-nos a compreender
mais integralmente as relações dinâmicas dentro da mente e a descrevê-las mais
claramente. Já concluímos também que o ego se acha especialmente sob a
influência da percepção e que, falando de modo geral, pode-se dizer que as
percepções têm para o ego a mesma significação que os instintos têm para o id.
Ao mesmo tempo, o ego está sujeito também à influência dos instintos, tal como
o id, do qual, como sabemos, é somente uma parte especialmente modificada. – p.
55;
_ Notar-se-á, contudo, que,
pela introdução desse outro mecanismo de transformação de amor em ódio,
tacitamente fizemos outra suposição que merece ser enunciada explicitamente.
Fizemos cálculos como se existisse na mente – no ego ou no id – uma energia
deslocável, a qual, neutra em si própria, pode ser adicionada a um impulso
erótico ou destrutivo qualitativamente diferenciado e aumentar a sua catexia
total. Sem presumir a existência de uma energia deslocável desse tipo, não
podemos prosseguir. A única questão é saber de onde ela provém, a que pertence
e o que significa. – p. 59;
_ considerações sobre o
princípio de constância de Fechner – p. 61;
V – As relações dependentes
do ego
_ Assim, temos afirmado
repetidamente que o ego é formado, em grande parte, a partir de identificações
que tomam o lugar de catexias abandonadas pelo id; que a primeira dessas
identificações sempre se comporta como uma instância especial no ego e dele se
mantém à parte sob a forma de um superego: enquanto que, posteriormente, à
medida que fica mais forte, o ego pode tornar-se mais resistente às influências
de tais identificações. O superego deve sua posição especial no ego, ou em
relação ao ego, a um fator que deve ser considerado sob dois aspectos: por um
lado, ele foi a primeira identificação, uma identificação que se efetuou
enquanto o ego ainda era fraco; por outro, é o herdeiro do complexo de Édipo e,
assim, introduziu os objetos mais significativos no ego. A relação do superego
com as alterações posteriores do ego é aproximadamente semelhante à da fase
sexual primária da infância com a vida sexual posterior, após a puberdade.
Embora ele seja acessível a todas as influências posteriores, preserva, não
obstante, através de toda a vida, o caráter que lhe foi dado por sua derivação
do complexo paterno – a saber, a capacidade de manter-se à parte do ego e dominá-lo.
Ele constitui uma lembrança da antiga fraqueza e dependência do ego, e o ego
maduro permanece sujeito à sua dominação. Tal como a criança esteve um dia sob
a compulsão de obedecer aos pais, assim o ego se submete ao imperativo
categórico do seu superego. – p. 63;
_ Uma interpretação do
sentimento de culpa normal, consciente (consciência), não apresenta
dificuldades; ele se baseia na tensão existente entre o ego e o ideal do ego,
sendo expressão de uma condenação do ego pela sua instância crítica. Os
sentimentos de inferioridade, tão bem conhecidos nos neuróticos,
presumivelmente não se acham muito afastados disso. Em duas enfermidades muito
conhecidas o sentimento de culpa é superintensamente consciente; nelas, o ideal
do ego demonstra uma severidade particular e com freqüência dirige sua ira
contra o ego de maneira cruel. A atitude do ideal do ego nestes dois estados, a
neurose obsessiva e a melancolia, apresenta, ao lado dessa semelhança,
diferenças que não são menos significativas. – p. 65/66;
_ Do ponto de vista do
controle instintual, da moralidade, pode-se dizer do id que ele é totalmente
amoral; do ego, que se esforça por ser moral, e do superego que pode ser
supermoral e tornar-se então tão cruel quanto somente o id pode ser. É notável
que, quanto mais um homem controla a sua agressividade para com o exterior,
mais severo – isto é, agressivo – ele se torna em seu ideal do ego. A opinião
comum vê a situação do outro lado; o padrão erigido pelo ideal do ego parece
ser o motivo para a supressão da agressividade. Permanece, contudo, o fato de
que, como afirmamos, quanto mais um homem controla a sua agressividade, mais
intensa se torna a inclinação de seu ideal à agressividade contra seu ego. É
como um deslocamento, uma volta contra seu próprio ego. Mas mesmo a moralidade
normal e comum possui uma qualidade severamente restritiva, cruelmente
proibidora. É disso, em verdade, que surge a concepção de um ser superior que
distribui castigos inexoravelmente.
Não posso ir à frente em minha consideração dessas
questões sem introduzir uma nova hipótese. O superego surge, como sabemos, de
uma identificação com o pai tomado como modelo. Toda identificação desse tipo
tem a natureza de uma dessexualização ou mesmo de uma sublimação. Parece então
que, quando uma transformação desse tipo se efetua, ocorre ao mesmo tempo uma
desfusão instintual [[1]]. Após a sublimação, o componente erótico não mais tem
o poder de unir a totalidade da agressividade que com ele se achava combinada,
e esta é liberada sob a forma de uma inclinação à agressão e à destruição. Essa
desfusão seria a fonte do caráter geral de severidade e crueldade apresentado
pelo ideal – o seu ditatorial ‘farás’. – p. 68/69;
_ Há dois caminhos pelos
quais os conteúdos do id podem penetrar no ego. Um é direto, o outro por
intermédio do ideal do ego; seja qual for destes dois o caminho tomado, pode
ser de importância decisiva para certas atividades mentais. O ego evolui da
percepção para o controle dos instintos, da obediência a eles para a inibição
deles. Nesta realização, grande parte é tomada pelo ideal do ego, que, em
verdade, constitui parcialmente uma formação reativa contra os processos
instintuais do id. A psicanálise é um instrumento que capacita o ego a
conseguir uma progressiva conquista do id.
De outro ponto de vista, contudo, vemos este mesmo
ego como uma pobre criatura que deve serviços a três senhores e,
conseqüentemente, é ameaçado por três perigos: o mundo externo, a libido do id
e a severidade do superego. Três tipos de ansiedade correspondem a esses três
perigos, já que a ansiedade é a expressão de um afastar-se do perigo. –
p. 70;
Apêndice A – O Inconsciente
Descritivo e o Inconsciente Dinâmico
Apêndice B – O grande
reservatório da libido
Uma Neurose Demoníaca do
Século XVII (1923[1922])
Nota do editor inglês
_ Este trabalho foi escrito
nos últimos meses de 1922 (Jones, 1957, 105). O próprio Freud explica
suficientemente sua origem no começo da Seção I ([1]). O interesse dele pela
feitiçaria, possessões e fenômenos afins já vinha de longa data. Parece
possível que tenha sido estimulado por seus estudos na Salpêtrière em 1885-6. O
próprio Charcot concedera muita atenção aos aspectos históricos da neurose,
fato mencionado em mais de um ponto do ‘Relatório’ de Freud sobre sua visita a
Paris (1956a [1886]). Há uma descrição de um caso de possessão no século XVI no
início da Conferência XVI da primeira série de conferências de Charcot
traduzidas por Freud (1886f)
e um debate sobre a natureza histérica das ‘demoniomanias’ medievais na sétima
das Leçons du mardi,
na segunda série de traduções de Freud (1892-94). Além disso, em seu necrológio
de Charcot (1893f), concedeu ele ênfase especial a esse aspecto da obra de seu
mestre. –
p. 85;
Introdução
_ A teoria demonológica
daquelas épocas sombrias levou a melhor, ao final, sobre todas as visões
somáticas do período da ciência ‘exata’. Os estados de possessão correspondem
às nossas neuroses, para cuja explicação mais uma vez recorremos aos poderes
psíquicos. A nossos olhos, os demônios são desejos maus e repreensíveis,
derivados de impulsos instintuais que foram repudiados e reprimidos. Nós
simplesmente eliminamos a projeção dessas entidades mentais para o mundo
externo, projeção esta que a Idade Média fazia; em vez disso, encaramo-las como
tendo surgido na vida interna do paciente, onde têm sua morada. – p. 89;
A História de Christoph
Haizmann, o pintor
O motivo para o pacto com o
Demônio
O Demônio como substituto
paterno
_ Retornemos portanto à
nossa hipótese de que o Demônio, com quem o pintor assinou o compromisso, era
um substituto direto de seu pai. E isso é confirmado pela forma sob a qual o
Diabo pela primeira vez lhe apareceu – como um honesto cidadão de idade, de
barbas castanhas, vestido com uma capa vermelha e apoiando-se com a mão direita
numa bengala, com um cão negro ao lado (cf. a primeira ilustração).
Posteriormente, sua aparência torna-se cada vez mais terrificante – mais
mitológica, dir-se-ia. Está aparelhado com chifres, garras de água e asas de
morcego. Teremos de retornar mais tarde a um pormenor específico de sua forma
corporal.
De fato, soa estranho que o Diabo seja escolhido
como substituto para um amado pai. Porém, só à primeira vista, pois sabemos de
muitas coisas que irão abrandar nossa surpresa. Para começar, sabemos que Deus
é um substituto paterno, ou, mais corretamente, que ele é um pai exalçado, ou,
ainda, que constitui a cópia de um pai tal como este é visto e experimentado na
infância – pelos indivíduos em sua própria infância, e pela humanidade em sua
pré-história, como pai da horda primitiva e primeva. Posteriormente na vida, o
indivíduo vê seu pai como algo diferente e menor. Porém, a imagem ideativa que
pertence à infância é preservada e se funde com os traços da memória herdados
do pai primevo para formar a idéia que o indivíduo tem de Deus. Sabemos também,
da vida secreta do indivíduo revelada pela análise, que sua relação com o pai
foi talvez ambivalente desde o início, ou, pelo menos, cedo veio a ser assim.
Isso equivale a dizer que ela continha dois conjuntos de impulsos emocionais
que se opunham mutuamente; continha não apenas impulsos de natureza afetuosa e
submissa, mas também impulsos hostis e desafiadores. É nossa opinião que a
mesma ambivalência dirige as relações da humanidade com sua Divindade. O
problema não solucionado entre o anseio pelo pai, por um lado, e, por outro, o
medo dele e o seu desafio pelo filho, nos proporcionou uma explicação de
importantes características da religião e de decisivas vicissitudes nela.
Com respeito ao Demônio Maligno, sabemos que ele é
considerado como a antítese de Deus, e, contudo, está muito próximo dele em sua
natureza. – p. 103;
_ Temos aqui um exemplo do
processo, com que estamos familiarizados, pelo qual uma idéia que possui um
conteúdo contraditório – ambivalente -, se divide em dois opostos nitidamente
contrastados. As contradições da natureza original de Deus, contudo, constituem
um reflexo da ambivalência que governa a atitude do indivíduo com seu pai
pessoal. Se o Deus benevolente e justo é um substituto do pai, não é de admirar
que também sua atitude hostil para com o pai, que é uma atitude de odiá-lo,
temê-lo e fazer queixas contra ele, ganhe expressão na criação de Satã. Assim,
o pai, segundo parece, é o protótipo individual tanto de Deus quanto do
Demônio. Mas deveríamos esperar que as religiões portassem marcas indeléveis do
fato de que o primitivo pai primevo era um ser de maldade ilimitada – um ser
mais semelhante ao Demônio do que a Deus.
É verdade que de modo algum é fácil demonstrar os
traços dessa visão satânica do pai na vida mental do indivíduo. Quando um
menino desenha rostos grotescos e caricaturas, podemos francamente demonstrar
que neles está escarnecendo de seu pai, e quando uma pessoa de qualquer sexo
tem medo de ladrões e arrombadores à noite, não é difícil identificá-los como
partes expelidas (split-off) do pai. Também os animais que aparecem nas
fobias animais das crianças são muito amiúde substitutos paternos, como o foram
os animais totêmicos das épocas primevas. – p. 104;
IV – Os dois compromissos
V – O curso ulterior da
neurose
_ A uma observação
superficial, a neurose de Haizmann parece ser um embuste sobrejacente a uma
parte da séria, ainda que comum, luta pela existência. Nem sempre é esse o
caso, porém assim sucede não poucas vezes. Os analistas amiúde descobrem quão
improdutivo é tratar um homem de negócios que, ‘embora sob outros aspectos em
boa saúde, apresentou por algum tempo sinais de neurose’. A catástrofe nos
negócios com que ele próprio se sente ameaçado, arremessa para cima a neurose,
como um subproduto, e isso lhe concede a vantagem de poder ocultar suas
preocupações sobre a vida real por trás de seus sintomas. Afora isso, porém, a
neurose não serve a qualquer propósito útil, visto utilizar forças que teriam
sido mais lucrativamente empregadas tratando-se racionalmente com a situação
perigosa.
Em casos bem mais numerosos, a neurose é mais
autônoma e independente dos interesses de autopreservação e autoconservação. No
conflito criador da neurose, o que está em jogo são interesses unicamente
libidinais ou interesses libidinais em vinculações íntimas com interesses autopreservativos.
Em todos os três casos, a dinâmica da neurose é a mesma. Uma libido representa
que não pode ser satisfeita, na realidade logra êxito, com o auxílio de uma
regressão a fixações antigas, em encontrar descarga através do inconsciente
reprimido. O ego do doente, na medida em que pode extrair um ‘lucro da doença’
a partir desse processo, aprova a neurose, embora não possa haver dúvida de sua
nocividade em seu aspecto econômico. – p. 121;
Observações sobre a teoria e
prática da interpretação de sonhos (1923[1922])
_ Ao interpretar um sonho
durante uma análise, fica em aberto a escolha de um entre vários procedimentos
técnicos.
Pode-se (a) proceder cronologicamente e
fazer com que o sonhador traga suas associações aos elementos do sonho na ordem
em que esses elementos ocorreram em seu relato do sonho. É esse o método
original, clássico, que ainda considero o melhor se estamos analisando os
próprios sonhos.
Ou pode-se (b) iniciar o trabalho de
interpretação a partir de algum elemento específico do sonho, que se apanha de
seu meio. Por exemplo, pode-se escolher o fragmento mais notável dele, ou
aquele que apresenta a maior clareza ou intensidade sensória, ou, ainda,
pode-se começar de algumas palavras enunciadas no sonho, na expectativa de que
elas conduzirão à rememoração de algumas palavras faladas na vida desperta.
Ou pode-se (c) começar por desprezar
inteiramente o conteúdo manifesto e, em vez disso, perguntar àquele que sonhou
quais os acontecimentos do dia anterior associados em sua mente com o sonho que
acabou de descrever.
Finalmente, pode-se (d), estando aquele que
sonhou já familiarizado com a técnica da interpretação, evitar fornecer-lhe
quaisquer instruções e deixá-lo decidir com que associações ao sonho irá
começar.
– p. 127;
Algumas notas adicionais
sobe a interpretação de sonhos como um todo (1925)
(A) Os limites à
possibilidade de interpretação
_ Nossas atividades mentais
perseguem um objetivo útil ou um rendimento imediato de prazer. No primeiro
caso, aquilo com que estamos lidando são juízos intelectuais, preparações para
a ação ou a transmissão de informações a outras pessoas. No último, descrevemos
essas atividades como jogo ou fantasia. O que é útil, é (como é bem sabido) em
si apenas um caminho tortuoso até a satisfação prazerosa. Pois bem, sonhar é
uma atividade do segundo tipo, mas na verdade é, do ponto de vista da evolução,
o primeiro. É enganador dizer que os sonhos estão relacionados às tarefas da
vida perante nós ou buscam encontrar solução para os problemas de nosso
trabalho cotidiano. Isso é assunto do pensamento pré-consciente. Um trabalho
útil desse tipo está tão afastado dos sonhos quanto qualquer intenção de
transmitir informações a outra pessoa. Quando um sonho lida com um problema da
vida concreta, soluciona-o à maneira de um desejo irracional, e não à maneira
de uma reflexão razoável. Há apenas uma tarefa útil, apenas uma função que pode
ser atribuída a um sonho, e ela consiste em guardar da interrupção o sono. Um
sonho pode ser descrito como uma fantasia a trabalhar em prol da manutenção do
sono. – p. 143;
_ Ninguém pode praticar a
interpretação de sonhos como atividade isolada; ela se mantém uma parte do
trabalho de análise. Na análise dirigimos nosso interesse segundo a
necessidade, ora para o conteúdo pré-consciente do sonho, ora para a
contribuição inconsciente à sua formação, e amiúde negligenciamos um dos
elementos em favor do outro. Tampouco seria de qualquer valia para alguém
esforçar-se por interpretar sonhos fora da análise. – p. 144;
(B) Responsabilidade moral
pelo conteúdo dos sonhos
_ No capítulo introdutório
desse livro [A Interpretação
de Sonhos] (que debate ‘A Literatura Científica que Trata dos
Problemas de Sonhos’) demonstrei a maneira pela qual escritores reagiram ao que
se considera como o fato aflitivo de o conteúdo desenfreado dos sonhos tantas
vezes estar em disparidade com o senso moral daquele que sonha. (Deliberadamente
evito falar de sonhos ‘criminosos’, visto tal descrição, que ultrapassaria os
limites do interesse psicológico, parecer-me inteiramente desnecessária.) O
caráter imoral dos sonhos naturalmente proporcionou novo motivo para negar-lhes
qualquer valor psíquico: se os sonhos são o produto inexpressivo de uma
atividade mental desordenada, não pode então haver fundamento para assumir
responsabilidade por seu conteúdo aparente. – p. 147;
_ Nosso interesse na gênese
desses sonhos manifestamente
imorais é, porém, grandemente reduzida quando descobrimos, pela análise, que a
maioria dos sonhos – sonhos inocentes, sonhos sem afeto e sonhos de ansiedade –
são revelados, quando as deformações da censura foram desfeitas como a
satisfação de impulsos desejosos imorais – egoístas, sádicos, pervertidos ou
incestuosos. Tal como no mundo da vida desperta, esses criminosos mascarados
são muito mais comuns que aqueles com a viseira levantada. O sonho direto de
relações sexuais com a própria mãe, a que Jocasta alude em Édipo Rei, é uma raridade
em comparação com toda a multiplicidade de sonhos que a psicanálise deve
interpretar no mesmo sentido. – p. 148;
(C) O significado oculto dos
sonhos
_ Pareceria haver duas
categorias de sonhos com direito a serem considerados fenômenos ocultos: os
sonhos proféticos e os sonhos telepáticos. Uma multidão incontável de
testemunhas fala em favor de ambos, ao passo que contra os dois existe a
aversão obstinada, ou talvez preconceito, da ciência. – p. 151;
A organização genital
infantil (Uma interpolação na teoria da sexualidade) (1923)
_ Na pág. 60 desse volume, escrevi que ‘a
escolha de um objeto, tal como mostramos ser característica da fase puberal do
desenvolvimento, já foi freqüente ou habitualmente feita durante os anos de
infância: isto é, a totalidade das correntes sexuais passou a ser dirigida para
uma única pessoa em relação à qual elas buscam alcançar seus objetivos. Isto é,
então, a maior aproximação possível, na infância, da forma final assumida pela
vida sexual após a puberdade. A única diferença está no fato de que na infância
a combinação dos instintos parciais e sua subordinação sob a primazia dos genitais
só foram efetuadas muito incompletamente ou não o foram de forma alguma. Assim,
o estabelecimento desta primazia a serviço da reprodução é a última fase
através da qual passa a organização da sexualidade’.
Hoje não mais me satisfaria com a afirmação de que,
no primeiro período da infância, a primazia dos órgãos genitais só foi efetuada
muito incompletamente ou não o foi de modo algum. A aproximação da vida sexual
da criança à do adulto vai muito além e não se limita unicamente ao surgimento
da escolha de um objeto. Mesmo não se realizando uma combinação adequada dos
instintos parciais sob a primazia dos órgãos genitais, no auge do curso do
desenvolvimento da sexualidade infantil, o interesse nos genitais e em sua
atividade adquire uma significação dominante, que está pouco aquém da alcançada
na maturidade. Ao mesmo tempo, a característica principal dessa ‘organização
genital infantil’ é sua diferença da organização genital final do
adulto. Ela consiste no fato de, para ambos os sexos, entrar em consideração
apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está presente, portanto,
não é uma primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo. – p.
159/160;
_ Não é irrelevante manter
em mente quais as transformações sofridas, durante o desenvolvimento sexual da
infância, pela polaridade de sexo com que estamos familiarizados. Uma primeira
antítese é introduzida com a escolha de objeto, a qual, naturalmente, pressupõe
um sujeito e um objeto. No estágio da organização pré-genital sádico-anal não
existe ainda questão de masculino e feminino; a antítese entre ativo e passivo é a dominante. No
estádio seguinte da organização genital infantil, sobre o qual agora temos conhecimento,
existe masculinidade,
mas não feminilidade. A antítese aqui é entre possuir um órgão genital masculino e ser
castrado. Somente após o desenvolvimento haver atingido seu
completamento, na puberdade, que a polaridade sexual coincide com masculino e feminino. A
masculinidade combina [os fatores de] sujeito, atividade e posse do pênis; a
feminilidade encampa [os de] objeto e passividade. A vagina é agora valorizada
como lugar de abrigo para o pênis; ingressa na herança do útero. – p. 163;
Neurose e Psicose
(1924[1923])
_ No trabalho que mencionei,
descrevi os numerosos relacionamentos dependentes do ego, sua posição
intermediária entre o mundo externo e o id e seus esforços para comprazer todos
os seus senhores ao mesmo tempo. Em vinculação com uma seqüência de pensamento
levantada em outros campos, relativa à origem e prevenção das psicoses,
ocorreu-me agora uma fórmula simples que trata com aquilo que talvez seja a
mais importante diferença genética entre uma neurose e uma psicose: a
neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose
é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o
mundo externo.
Há certamente bons fundamentos para desconfiar-se
de tais soluções simples de um problema. Ademais, o máximo que podemos esperar
é que essa fórmula se mostre correta nas linhas gerais e mais grosseiras. Isso,
porém, já seria algo. Lembramo-nos também, de imediato, de todo um número de
descobertas e achados que parecem apoiar nossa tese. Nossas análises demonstram
todas que as neuroses transferenciais se originam de recuar-se o ego a aceitar
um poderoso impulso instintual do id ou a ajudá-lo a encontrar um escoador ou
motor, ou de o ego proibir àquele impulso o objeto a que visa. Em tal caso, o
ego se defende contra o impulso instintual mediante o mecanismo da repressão. O
material reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, ao longo de
caminhos sobre os quais o ego não tem poder, uma representação substitutiva
(que se impõe ao ego mediante uma conciliação) – o sintoma. O ego descobre a
sua unidade ameaçada e prejudicada por esse intruso e continua a lutar contra o
sintoma, tal como desviou o impulso instintual original. Tudo isso produz o
quadro de uma neurose. Não é contradição que, empreendendo a repressão, no
fundo o ego esteja seguindo as ordens do superego, ordens que, por sua vez, se
originam de influências do mundo externo que encontraram representação no
superego. Mantém-se o fato de que o ego tomou o partido dessas forças,
de que nele as exigências delas têm mais força que as exigências instintuais do
id, e que o ego é a força que põe a repressão em movimento contra a parte do id
interessada e fortifica a repressão por meio da anticatexia da resistência. O
ego entrou em conflito com o id, a serviço do superego e da realidade, e esse é
o estado de coisas em toda neurose de transferência. – p.
169/170;
_ A etiologia comum ao
início de uma psiconeurose e de uma psicose sempre permanece a mesma. Ela
consiste em uma frustração, em uma não-realização, de um daqueles desejos de
infância que nunca são vencidos e que estão tão profundamente enraizados em
nossa organização filogeneticamente determinada. Essa frustração é, em última
análise, sempre uma frustração externa, mas, no caso individual, ela pode
proceder do agente interno (no superego) que assumiu a representação das
exigências da realidade. – p. 171;
_ Percebemos agora que
pudemos tornar nossa fórmula genética simples mais completa, sem abandoná-la.
As neuroses de transferência correspondem a um conflito entre o ego e o id; as
neuroses narcísicas, a um conflito entre o ego e o superego, e as psicoses, a
um conflito entre o ego e o mundo externo. É verdade que não podemos dizer
imediatamente se de fato com isso lucramos algum conhecimento novo, ou apenas
enriquecemos nosso estoque de fórmulas; penso, porém, que essa possível
aplicação da diferenciação proposta do aparelho psíquico em um ego, um superego
e um id não pode deixar de dar-nos coragem para manter constantemente em vista
essa hipótese. – p. 172;
O problema econômico do
masoquismo (1924)
_ A existência de uma
tendência masoquista na vida instintual dos seres humanos pode corretamente ser
descrita como misteriosa desde o ponto de vista econômico. Pois se os processos
mentais são governados pelo princípio de prazer de modo tal que o seu primeiro
objetivo é a evitação do desprazer e a obtenção do prazer, o masoquismo é
incompreensível. Se o sofrimento e o desprazer podem não ser simplesmente
advertências, mas, em realidade, objetivos, o princípio de prazer é paralisado
– é como se o vigia de nossa vida mental fosse colocado fora de ação por uma
droga.
Assim, o masoquismo aparece-nos à luz de um grande
perigo, o que de modo algum procede para seu correspondente, o sadismo. Ficamos
tentados a chamar o princípio de prazer de vigia de nossa vida, antes que
simplesmente de nossa vida mental. Nesse caso, porém, somos defrontados pela
tarefa de investigar o relacionamento do princípio de prazer com as duas
classes de instintos que distinguimos, os instintos de morte e os instintos de
vida eróticos (libidinais), e não podemos avançar além em nossa consideração do
problema, até que tenhamos realizado essa tarefa.
Será lembrado que assumimos a opinião de que o
princípio governante de todos os processos mentais constitui um caso especial
da ‘tendência no sentido da estabilidade’, de Fechner, e, por conseguinte,
atribuímos ao aparelho psíquico o propósito de reduzir a nada ou, pelo menos,
de manter tão baixas quanto possível as somas de excitação que fluem sobre ele.
Barbara Low [1920, 73] sugeriu o nome de ‘princípio de Nirvana’ para essa suposta
tendência, e nós aceitamos o termo. Sem hesitação, porém, temos identificado o
princípio de prazer-desprazer com esse princípio de Nirvana. Todo desprazer
deve assim coincidir com uma elevação e todo prazer com um rebaixamento da
tensão mental devida ao estímulo; o princípio de Nirvana (e o princípio de
prazer, que lhe é supostamente idêntico) estaria inteiramente a serviço dos
instintos de morte, cujo objetivo é conduzir a inquietação da vida para a
estabilidade do estado inorgânico, e teria a função de fornecer advertências
contra as exigências dos instintos de vida – a libido – que tentam perturbar o
curso pretendido da vida. Tal visão, porém, não pode ser correta. – p.
179/180;
_ Retornemos ao masoquismo.
O masoquismo apresenta-se à nossa observação sob três formas: como condição
imposta à excitação sexual, como expressão da natureza feminina e como norma de
comportamento (behaviour). Podemos, por conseguinte, distinguir um masoquismo
erógeno, um masoquismo feminino e um masoquismo moral. – p. 181;
_ O Imperativo Categórico de
Kant é, assim, o herdeiro direto do complexo de Édipo. – p.
187;
A dissolução do Complexo de
Édipo (1924)
_ Em extensão sempre
crescente, o complexo de Édipo revela sua importância como o fenômeno central
do período sexual da primeira infância. Após isso, se efetua sua dissolução,
ele sucumbe à regressão, como dizemos, e é seguido pelo período de latência.
Ainda não se tornou claro, contudo, o que é que ocasiona sua destruição. As
análises parecem demonstrar que é a experiência de desapontamentos penosos. A
menina gosta de considerar-se como aquilo que seu pai ama acima de tudo o mais,
porém chega a ocasião em que tem de sofrer parte dele uma dura punição e é
atirada para fora de seu paraíso ingênuo. O menino encara a mãe como sua
propriedade, mas um dia descobre que ela transferiu seu amor e sua solicitude
para um recém-chegado. A reflexão deve aprofundar nosso senso da importância
dessas influências, porque ela enfatizará o fato de serem inevitáveis
experiências aflitivas desse tipo, que agem em oposição ao conteúdo do
complexo. Mesmo não ocorrendo nenhum acontecimento especial tal como os que
mencionamos como exemplos, a ausência da satisfação esperada, a negação continuada
do bebê desejado, devem, ao final, levar o pequeno amante a voltar as costas ao
seu anseio sem esperança. Assim, o complexo de Édipo se encaminharia para a
destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua impossibilidade
interna.
Outra visão é a de que o complexo de Édipo deve
ruir porque chegou a hora para sua desintegração, tal como os dentes de leite
caem quando os permanentes começam a crescer. Embora a maioria dos seres
humanos passe pelo complexo de Édipo como uma experiência individual, ele
constitui um fenômeno que é determinado e estabelecido pela hereditariedade e
que está fadado a findar de acordo com o programa, o instalar-se a fase
seguinte preordenada de desenvolvimento. Assim sendo, não é de grande
importância quais as ocasiões que permitem tal ocorrência ou, na verdade, que
ocasiões desse tipo possam ser de algum modo descobertas. – p.
195;
_ A observação analítica
capacita-nos a identificar ou adivinhar essas vinculações entre a organização
fálica, o complexo de Édipo, a ameaça de castração, a formação do superego e o
período de latência. Essas vinculações justificam a afirmação de que a
destruição do complexo de Édipo é ocasionada pela ameaça de castração. Mas isso
não nos livra do problema; há lugar para uma especulação teórica que pode
perturbar os resultados a que chegamos ou colocá-los sob nova luz. Antes de nos
fazermos a esse caminho novo, contudo, devemos voltar-nos para uma questão que
surgiu no decorrer desse debate e que até agora foi deixada de lado. O processo
descrito refere-se, como foi expressamente dito, somente a crianças do sexo
masculino. Como se realiza o desenvolvimento correspondente nas meninas? – p.
199;
A perda da realidade na
neurose e na psicose (1924)
_ Recentemente indiquei como
uma das características que diferenciam uma neurose de uma psicose o fato de em
uma neurose o ego, em sua dependência da realidade, suprimir um fragmento do id
(da vida instintual), ao passo que, em uma psicose esse mesmo ego, a serviço do
id, se afasta de um fragmento da realidade. Assim, para uma neurose o fator
decisivo seria a predominância da influência da realidade, enquanto para uma
psicose esse fator seria a predominância do id. Na psicose a perda de realidade
estaria necessariamente presente, ao passo que na neurose, segundo pareceria,
essa perda seria evitada. – p. 207;
_ Nada de novo existe em
nossa caracterização da neurose como o resultado de uma repressão fracassada. –
p. 207;
_ Poderíamos esperar que, ao
surgir uma psicose, ocorre algo análogo ao processo de uma neurose, embora, é
claro, entre distintas instâncias na mente. Assim, poderíamos esperar que
também na psicose duas etapas pudessem ser discernidas, das quais a primeira
arrastaria o ego para longe, dessa vez para longe da realidade, enquanto a
segunda tentaria reparar o dano causado e restabelecer as relações do indivíduo
com a realidade às expensas do id. E, de fato, determinada analogia desse tipo
pode ser observada em uma psicose. Aqui há igualmente duas etapas, possuindo a
segunda o caráter de uma reparação. Acima disso, porém, a analogia cede a uma
semelhança muito mais ampla entre os dois processos. O segundo passo da
psicose, é verdade, destina-se a reparar a perda da realidade, contudo, não às
expensas de uma restrição com a realidade – senão de outra maneira, mais
autocrática, pela criação de uma nova realidade que não levanta mais as mesmas
objeções que a antiga, que foi abandonada. O segundo passo, portanto, na
neurose como na psicose, é apoiado pelas mesmas tendências. Em ambos os casos
serve ao desejo de poder do id, que não se deixará ditar pela realidade. Tanto
a neurose quanto a psicose são, pois, expressão de uma rebelião por parte do id
contra o mundo externo, de sua indisposição – ou, caso preferirem, de sua
incapacidade – a adaptar-se às exigências da realidade, à ‘Angch‘ [Necessidade]’. A neurose
e a psicose diferem uma da outra muito mais em sua primeira reação introdutória
do que na tentativa de reparação que a segue. – p. 209;
_ Dificilmente se pode
duvidar que o mundo da fantasia desempenhe o mesmo papel na psicose, e de que
aí também ele seja o depósito do qual derivam os materiais ou o padrão para
construir a nova realidade. Ao passo que o novo e imaginário mundo externo de
uma psicose tenta colocar-se no lugar da realidade – um fragmento diferente
daquele contra o qual tem de defender-se -, e emprestar a esse fragmento uma
importância especial e um significado secreto que nós (nem sempre de modo
inteiramente apropriado) chamamos de simbólico.
Vemos, assim, que tanto na neurose quanto na psicose interessa a questão não
apenas relativa a uma perda
da realidade, mas também a um substituto
para a realidade. – p. 211;
Uma breve descrição da
psicanálise (1924[1923])
I
_ Pode-se dizer que a
psicanálise nasceu com o século XX, pois a publicação em que ela emergiu
perante o mundo como algo novo – A Interpretação de Sonhos – traz a data
‘1900’. Porém, como bem se pode supor, ela não caiu pronta dos céus. Teve seu
ponto de partida em idéias mais antigas, que ulteriormente desenvolveu;
originou-se de sugestões anteriores, as quais elaborou. Qualquer história a seu
respeito deve, portanto, começar por uma descrição das influências que
determinaram sua origem, e não desprezar a época e as circunstâncias que
precederam sua criação.
A psicanálise cresceu num campo muitíssimo
restrito. No início, tinha apenas um único objetivo – o de compreender algo da
natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’, com
vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento
médico. –
p. 217;
_ O ‘inconsciente’, é
verdade, há muito tempo estivera sob discussão entre os filósofos como conceito
teórico, mas agora, pela primeira vez, nos fenômenos do hipnotismo ele se tornava
algo concreto, tangível e sujeito a experimentação. Independentemente de tudo
isso, os fenômenos hipnóticos mostravam uma semelhança inequívoca com as
manifestações de algumas neuroses. – p. 218;
_ A psicanálise, contudo, de
maneira alguma se baseou nessas pesquisas de Janet. O fator decisivo, em seu
caso, foi a experiência de um médico vienense, o Dr. Josef Breuer. Em 1881,
independentemente de qualquer influência externa, ele pôde, com o auxílio da
hipnose, estudar e restituir à saúde uma jovem muito bem dotada que sofria de
histeria. Os achados de Breuer não foram comunicados ao público senão quinze
anos mais tarde, após ele haver tomado por colaborador o presente autor
(Freud). Esse caso de Breuer retém sua significação única para nossa compreensão
das neuroses até o dia de hoje, de modo que não podemos evitar demorar-nos nele
um pouco mais. É essencial compreender claramente em que consistia sua
peculiaridade. A jovem caíra enferma enquanto servia de enfermeira para o pai,
a quem estava ternamente ligada. Breuer pôde estabelecer que todos os seus
sintomas estavam relacionados a esse período de enfermagem e podiam ser por ele
explicados. Assim, pela primeira vez, tornou-se possível ganhar uma visão
completa de um caso dessa enigmática neurose, e todos os seus sintomas
demonstraram ter significado. Ademais, constituiu característica universal dos
sintomas terem eles surgido em situações que envolviam um impulso a uma ação
que, contudo, não fora levada a cabo, mas sim, por outras razões, fora
suprimida. Os sintomas, de fato, haviam aparecido em lugar das ações não
efetuadas. Assim, para explicar a etiologia dos sintomas histéricos, fomos
levados à vida emocional do indivíduo (à afetividade) e à ação recíproca de
forças mentais (à dinâmica), e, desde então, essas duas linhas de abordagem
nunca mais foram abandonadas. – p. 219;
_ O procedimento terapêutico
adotado por Breuer foi induzir a paciente sob hipnose a relembrar os traumas
esquecidos e reagir a eles com poderosas expressões de afeto. Quando isso era
feito, o sintoma, que até então tomara o lugar dessas expressões de emoção,
desaparecia. Dessa maneira, um só e mesmo procedimento servia simultaneamente
aos propósitos de investigar o mal e livrar-se dele, e essa conjunção fora do
comum foi posteriormente conservada pela psicanálise.
Após o presente autor, durante o começo da década
de 1890, ter confirmado os resultados de Breuer em considerável número de
pacientes, ambos, Breuer e Freud, decidiram conjuntamente uma publicação,
Estudos sobre Histeria (1895d), que continha suas descobertas e a tentativa de
uma teoria nelas baseada. Asseverava esta que os sintomas histéricos surgiam
quando o afeto de um processo mental catexizado por um forte afeto era impedido
pela força de ser conscientemente elaborado da maneira normal, e era assim
desviado para um caminho errado. Nos casos de histeria, segundo essa teoria, o
afeto passava para uma inervação somática fora do comum (‘conversão’), mas se
lhe podia dar uma outra direção e ver-se livre dele (‘ab-reagido’) se a
experiência fosse revivida sob hipnose. Os autores davam a esse procedimento o
nome de ‘catarse’ (purgar, liberar um afeto estrangulado).
O método catártico foi o precursor imediato da
psicanálise, e, apesar de toda a ampliação da experiência e toda modificação da
teoria, ainda está nela contido como seu núcleo. Ele, porém, não era mais que
um novo procedimento médico para influenciar certas doenças nervosas e nada
sugeria que se pudesse tornar tema para o interesse mais geral e para a
contradição mais violenta. – p. 220;
II
_ Logo após a publicação de
Estudos sobre a Histeria, a associação entre Breuer e Freud terminou. Breuer,
que na realidade era consultor em medicina interna, abandonou o tratamento de
pacientes nervosos e Freud dedicou-se ao aperfeiçoamento ulterior do
instrumento que lhe deixara seu colaborador mais idoso. As novidades técnicas
que introduziu e as descobertas que efetuou transformaram o método catártico em
psicanálise. O passo mais momentoso foi sem dúvida sua determinação de passar
sem a assistência da hipnose em seu procedimento técnico. Procedeu assim por
duas razões: em primeiro lugar porque, apesar de um curso de instrução com
Bernheim em Nancy, ele não conseguia induzir a hipnose em um número suficiente
de casos, e, em segundo, porque estava insatisfeito com os resultados
terapêuticos da catarse baseada na hipnose. É verdade que esses resultados eram
notáveis e apareciam após um tratamento de curta duração, porém demonstravam
não serem permanentes e dependerem demais das relações pessoais do paciente com
o médico. O abandono da hipnose causou uma brecha no curso do desenvolvimento
do procedimento até então e significou um novo começo. – p. 221;
_ Assim, a associação livre,
juntamente com a arte da interpretação, desempenhava a mesma função que
anteriormente fora realizada pelo hipnotismo.
Parecia como se nosso trabalho houvesse ficado mais
difícil e complicado; no entanto, o lucro inestimável estava em que se obtinha
agora uma compreensão interna (insight) de uma ação recíproca de forças que
haviam estado ocultas do observador pelo estado hipnótico. Tornou-se evidente
que o trabalho de revelar o que havia sido patogenicamente esquecido tinha de
lutar contra uma resistência constante e muito intensa. As próprias objeções
críticas que o paciente levantava a fim de evitar comunicar as idéias que lhe
ocorriam, e contra as quais a regra fundamental da psicanálise era dirigida, já
eram manifestações dessa resistência. Uma consideração dos fenômenos da
resistência conduziu-nos a uma das pedras angulares da teoria psicanalítica das
neuroses – a teoria da repressão. Era plausível supor que as mesmas forças,
agora então em luta contra o material patogênico a ser tornado consciente,
haviam realizado em época anterior, com sucesso, os mesmos esforços.
Preenchia-se, assim, uma lacuna na etiologia dos sintomas neuróticos. As
impressões e impulsos mentais, para os quais os sintomas estavam agora servindo
de substitutos, não tinham sido esquecidos sem razão ou por causa de uma
incapacidade constitucional para a síntese (como Janet supunha); através da
influência de outras forças mentais tinham-se defrontado com uma repressão cujo
sucesso e prova eram precisamente estarem eles barrados à consciência e
excluídos da memória. Apenas em conseqüência dessa repressão é que eles se
haviam tornado patogênicos, isto é, haviam tido êxito em manifestar-se ao longo
de caminhos fora do comum, tais como os sintomas.
Um conflito entre dois grupos de tendências mentais
deve ser encarado como o fundamento para a repressão, e, por conseguinte, como
a causa de toda enfermidade neurótica. E aqui a experiência nos ensinou um fato
novo e surpreendente sobre a natureza das forças que estiveram lutando uma
contra a outra. A repressão invariavelmente procedia da personalidade
consciente da pessoa enferma (seu ego) e baseava-se em motivos estéticos e
éticos; os impulsos sujeitos à repressão eram os do egoísmo e da crueldade, que
em geral podem ser resumidos como o mal, porém, acima de tudo, impulsos
desejosos sexuais, freqüentemente da espécie mais grosseira e proibida. Assim,
os sintomas constituíam um substituto para satisfações proibidas e a moléstia parecia
corresponder a uma subjugação incompleta do lado imoral dos seres humanos.
O progresso em conhecimento tornou ainda mais claro
o enorme papel desempenhado na vida mental pelos impulsos desejosos sexuais, e
levou a um estudo pormenorizado da natureza e desenvolvimento do instinto
sexual. Também deparamos, porém, com outro achado puramente empírico, na
descoberta de que as experiências e conflitos dos primeiros anos da infância
representam uma parte insuspeitadamente importante no desenvolvimento do indivíduo
e deixam atrás de si disposições indeléveis que se abatem sobre o período da
maturidade. Isso nos trouxe à revelação de algo que até então fora
fundamentalmente negligenciado pela ciência – a sexualidade infantil, que, da
mais tenra idade em diante, se manifesta tanto em reações físicas quanto em
atitudes mentais. A fim de reunir essa sexualidade das crianças com o que é
descrito como sendo a sexualidade normal dos adultos e a vida sexual anormal
dos pervertidos, o conceito do que era sexual devia, ele próprio, ser corrigido
e ampliado de uma forma que pudesse ser justificada pela evolução do instinto
sexual.
Após a hipnose ter sido substituída pela técnica da
associação livre, o procedimento catártico de Breuer transformou-se em
psicanálise, que por mais de uma década foi desenvolvida pelo autor (Freud),
sozinho. Durante esse tempo ela gradativamente adquiriu uma teoria que parecia
fornecer uma descrição satisfatória da origem, significado e propósito dos
sintomas neuróticos, e proporcionava uma base racional para tentativas médicas
de curar a queixa. Mais uma vez enumerei os fatores que contribuem para a
constituição dessa teoria. São eles: ênfase na vida instintual (afetividade),
na dinâmica mental, no fato de que mesmo os fenômenos mentais aparentemente
mais obscuros e arbitrários possuem invariavelmente um significado e uma
causação, a teoria do conflito psíquico e da natureza patogênica da repressão,
a visão de que os sintomas constituem satisfações substitutas, o reconhecimento
da importância etiológica da vida sexual, e especificamente, dos primórdios da
sexualidade infantil. De um ponto de vista filosófico, essa teoria estava
fadada a adotar a opinião de que o mental não coincide com o consciente, que os
processos mentais são, em si próprios, inconscientes e só se tornam conscientes
pelo funcionamento de órgãos especiais (instâncias ou sintomas). Para completar
essa lista acrescentarei que entre as atitudes afetivas da infância a
complicada relação emocional das crianças com os pais – o que é conhecido por
complexo de Édipo – surgiu em proeminência. Ficou cada vez mais claro que ele
era o núcleo de todo caso de neurose, e no comportamento do paciente para com
seu analista surgiram certos fenômenos de sua transferência emocional que
vieram a ser de grande importância para a teoria e a técnica, do mesmo modo. – p.
222/224;
III
_ Provas de ela ser útil
para lançar luz sobre outras atividades que não a atividade mental patológica,
logo se apresentaram, em vinculação com dois tipos de fenômenos: as parapraxias
muito freqüentes que ocorrem na vida cotidiana – tais como esquecer coisas,
lapsos de língua e colocação errada de objetos – e os sonhos tidos por essas
pessoas sadias e psiquicamente normais. – p. 225;
IV
_ Entre os conceitos
hipotéticos que capacitem o médico a lidar com o material analítico, o primeiro
a ser mencionado é o da ‘libido’. Libido, em psicanálise, significa em primeira
instância a força (imaginada como quantitativamente variável e mensurável) dos
instintos sexuais dirigidos para um objeto – ‘sexuais’ no sentido ampliado
exigido pela teoria analítica. Um estudo mais completo demonstrou que era
necessário colocar ao lado dessa ‘libido objetal’ uma ‘libido narcísica’ ou ‘do
ego’, dirigida para o próprio ego do indivíduo, e a interação dessas duas
forças nos capacitou a explicar grande número de processos normais e anormais
na vida mental. Uma distinção grosseira logo se fez entre o que é conhecido por
‘neuroses de transferência’ e os distúrbios narcísicos. As primeiras (histeria
e neurose obsessiva) constituem os objetos propriamente ditos do tratamento
psicanalítico, ao passo que as outras, as neuroses narcísicas, embora possam
deveras ser examinadas com o auxílio da análise, oferecem dificuldades
fundamentais à influência terapêutica. É verdade que a teoria da libido da
psicanálise não está absolutamente completa e sua relação com uma teoria geral
dos instintos não é clara, pois a psicanálise é uma ciência jovem, ainda
inacabada, e em estágio de rápido desenvolvimento. Porém aqui se deve
enfaticamente apontar quão errônea é a acusação de pansexualismo que com tanta
freqüência é dirigida contra a psicanálise. Ela busca demonstrar que a teoria
psicanalítica não conhece outras forças motivadoras mentais senão as puramente
sexuais e, assim procedendo, explora preconceitos populares pelo emprego da
palavra ‘sexual’ não em seu sentido analítico, mas no vulgar. – p. 229;
V
_ a equivalência dos
contrários nos sonhos constitui um traço arcaico universal no pensamento
humano. – p. 233;
_ E então, como terceiro
argumento, a psicanálise nos demonstrou, para nosso crescente assombro, o papel
enormemente importante desempenhado pelo que é conhecido por ‘complexo de
Édipo’ – isto é, a relação emocional de uma criança humana com seus dois pais –
na vida mental dos seres humanos. Nosso assombro se reduz quando compreendemos
ser o complexo de Édipo o correlativo psíquico de dois fatos biológicos
fundamentais: o longo período de dependência da criança humana e a maneira
notável pela qual sua vida sexual atinge um primeiro clímax do terceiro ao
quinto ano de vida, e depois, passado um período de inibição, reinicia-se na
puberdade. E aqui se fez a descoberta de que uma terceira parte extremamente
séria da atividade intelectual humana, a parte criadora das grandes
instituições da religião, do direito, da ética e de todas as formas de vida
cívica, tem como seu objetivo fundamental capacitar o indivíduo a dominar seu
complexo de Édipo e desviar-lhe a libido de suas ligações infantis para as
ligações sociais que são enfim desejadas. As aplicações da psicanálise à
ciência da religião e à sociologia (pelo presente autor, por Theodor Reik e
Oskar Pfister, por exemplo), que conduziram a esses achados, ainda são novas e
insuficientemente apreciadas, mas não se pode duvidar que estudos posteriores
só irão confirmar a certeza dessas importantes conclusões. – p. 235;
_ Podemos, assim, expressar
nossa expectativa de que a psicanálise, cujo desenvolvimento e realizações até
o presente foram sucinta e inadequadamente relatados nestas páginas, ingressará
no desenvolvimento cultural das próximas décadas como um fermento significativo
e auxiliará a aprofundar nosso conhecimento do mundo e a lutar contra algumas
coisas da vida, reconhecidas como prejudiciais. Não se deve esquecer, contudo,
que a psicanálise sozinha não pode oferecer um quadro completo do mundo. Se
aceitarmos a distinção que recentemente propus, de dividir o aparelho psíquico
em um ego, voltado para o mundo externo e aparelhado com a consciência, e em um
id inconsciente, dominado por suas necessidades instintuais, então a
psicanálise deve ser descrita como uma psicologia do id (e de seus efeitos
sobre o ego). Em cada campo do conhecimento, portanto, ela só pode fazer
contribuições, que requerem ser completadas a partir da psicologia do ego. Se
essas contribuições amiúde contêm a essência dos fatos, isso apenas corresponde
ao importante papel que, pode-se reivindicar, é desempenhado em nossas vidas
pelo inconsciente mental que por tanto tempo permaneceu desconhecido. – p. 236;
As resistências à
Psicanálise (1925[1924])
_ a teoria psicanalítica
sustentou que os sintomas das neuroses constituem satisfações substitutivas
deformadas de forças instintuais sexuais, das quais a satisfação direta foi
frustrada por resistências internas. – p. 245;
_ Dessa época pré-histórica
da existência do indivíduo restou um horror ao incesto e um enorme sentimento
de culpa – p. 248;
_ considerações sobre o
golpe psicológico, o golpe biológico e o golpe cosmológico. – p. 249;
Uma nota sobre o ‘Bloco
Mágico’ (1925[1924])
_ Tive ainda a suspeita de
que esse método descontínuo de funcionamento do sistema Pcpt.-Cs. jaz no fundo
da origem do conceito de tempo. – p. 261;
A negativa (1925)
_ a negativa constitui um
modo de tomar conhecimento do que está reprimido. – p. 267;
_ negar algo em um
julgamento é, no fundo, dizer: Isto é algo que eu preferia reprimir.’ – p. 268;
_ na análise jamais
descobrimos um ‘não’ no inconsciente e que o reconhecimento do inconsciente por
parte do ego se exprime numa fórmula negativa. Não há prova mais contundente de
que fomos bem-sucedidos em nosso esforço de revelar o inconsciente, de que o
momento m que o paciente reage a ele com as palavras ‘Não pensei nisso’ ou ‘Não
pensei (sequer) nisso’. – p. 271;
Algumas consequências
psíquicas da distinção anatômica entre os sexos (1925)
_ nas meninas o Complexo de
Édipo levanta um problema a mais que nos meninos. – p. 284;
_ considerações sobre o
ciúme – p. 286;
_ considerações sobre as
relações existentes entre o Complexo de Édipo e de castração. – p. 289;
_ em casos normais, ou
melhor em casos ideais, o complexo de Édipo não existe mais, nem mesmo no
inconsciente; o superego se tornou seu herdeiro. – p. 290;
Josef Popper-Lynkeus e a
Teoria dos Sonhos (1923)
Dr. Sándor Ferenxzi (em seu
50º aniversário) (1923)
Prefácio a Juventude
Desorientada, de Aichhorn (1925)
_ a análise demonstrou que a
criança continua a viver quase inalterada no doente, bem como naquele que sonha
e no artista; lançou luz sobre as forças motivadoras e tendências que estampam
seu selo característico sobre a natureza infantil e traçou os estádios através
dos quais a criança chega à maturidade. – p. 313;
Josef Breuer (1925)
Breves escritos (1922-25)
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