Há muitos jeitos de
entendermos a vida humana. Uns creem em Deus, outros não. Uns defendem a
reencarnação, já outros a ressurreição. Cada um tem suas convicções, sua forma
de ver a realidade. Estive na Índia e visitando templos aos deuses (80% da
população é hinduísta, 2% católica), admirava as expressões de fé daquela
gente. Vivemos e sentimos a vida a partir das nossas crenças, da nossa formação
consciente ou inconsciente. O importante é o respeito à diversidade de crenças
e lutarmos pela liberdade e dignidade da pessoa humana, se esta é
desrespeitada.
Estamos vivendo o tempo
pascal. Refletindo sobre a vida humana, pude identificar quatro etapas, tendo
em vista o olhar cristão, o plano de Deus para nós, que, resumidamente,
compartilho.
Primeira: vida intrauterina. Inicia-se o mistério
da vida. Vida que recebi como dom divino: Deus me quis. Sou uma escolha amorosa
de Deus. Escolheu-me homem ou mulher e introduziu-me seu Espírito: sua essência.
O divino integra-se no humano. E deu-me pai e mãe, que devem me acolher, amar e
educar.
Segunda: vida no mundo. Ganhei a vida, nasci. Inicia a infância,
que se caracteriza por dependência: ser cuidada. E sofrerei consequências (traumas),
se isso não acontecer a contento. Passo por aprendizagens familiares, escolares
e culturais. Adquiro crenças. Segue, “se Deus quiser”, o ritmo natural da vida:
adolescência, juventude, vida adulta e velhice. Oportunidades que tenho para fazer
escolhas, tendo em vista a realização pessoal e social. Serei fruto das minhas
escolhas, boas ou ruins.
Terceira:
a morte. Qual
é o sentido cristão da morte? Se no útero ganhei a vida, se cumpri meu tempo e
minha missão neste mundo, cabe-me, na hora da morte, como fez Jesus na cruz,
oferece-la ao Pai (Deus), entregando-me com esperança e fé: “Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito”. Volto aos braços de quem me deu a vida. Lembro-me do Sr.
Pedro (de Belo Horizonte/MG), que com câncer terminal, dizia-me: “De Deus eu
vim, para Deus eu volto”. E da Ir. Lucília (cunhada), que clamava na agonia da
morte: “Paizinho, vem me buscar.”
Quarta: a
ressurreição. Com
a morte estamos nas mãos de Deus, que, em sua infinita misericórdia, nos
ressuscita, como fez com Jesus. A ressurreição é a vivência da plenitude da
vida no Reino de Deus, que Jesus tanto anunciou. Esta é minha crença. Amém?
Luciano
Sampaio
Psicanalista
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