Há
algum tempo, o ator americano Tom Hanks foi o protagonista de um filme chamado
aqui no Brasil de “O Náufrago”. Após a queda, em alto mar, do avião no qual ele
estava, Chuck Noland (Tom Hanks) fica em uma ilha deserta na companhia de
alguns objetos que estavam sendo transportados como carga pela aeronave. Dentre
os objetos, encontrava-se uma bola de voleibol, que Chuck passou a tratar como
amigo e a nomeou de Wilson (a marca da bola).
Pois
bem, depois de algum tempo adaptando-se à ilha e de prolongado convívio com o
Wilson, no qual ocorreram momentos de boa convivência, mas também de atritos e
xingamentos, Chuck passou a pensar em uma maneira de tentar sair daquele
isolamento. Montou um simples barco com o material disponível e posicionou o
fiel amigo na proa do barco.
A
aventura do mar apresentou-se perigosa. Para pescar, Chuck amarrava uma corda
no barco e a segurava com firmeza, enquanto estava na água a procura de algum
peixe. Durante toda ausência ao barco, a referida corda, firmemente empunhada,
era a ligação entre ele e sua nau.
Certo
dia, cansado e faminto, o náufrago adormece. Em razão do mar agitado, Wilson
cai ao mar e Chuck só o vê quando está a uma distância maior do que a extensão
da corda. Mesmo assim, empunhando a corda, ele salta para resgatar o amigo, mas
vê aos poucos Wilson afastando-se, levado pelas ondas. Chuck chega ao limite do
tamanho da corda, se ele soltar a corda poderia ter chance de alcançar Wilson,
mas arriscaria perder-se do barco e sucumbir no vasto oceano. Ele retorna ao
barco e o amigo vai se afastando, pois não há nenhum laço que os uma.
A cena
referida apresenta-se repleta de simbolismo. Tenho visto na minha prática
psicanalítica que a questão acima referida é mais comum do que se possa
imaginar. A conexão que mantemos conosco mesmo (mundo interior) e com os demais
deve ser objeto de constante regagem e amorização, sob pena de cair no “sono”
da mesmice e ser levada pelas ondas do cotidiano niilista.
Um dos
casos mais comuns da minha clínica são indivíduos (em sua maioria mulheres) que
sentem que seus relacionamentos afetivos se esvaíram com o passar dos anos.
Aquela paixão inicial foi substituída pela repetição das atividades diárias que
minam o casamento e afogam a outrora empolgação. Sentem-se como estranhos em
seus próprios lares e reconhecem que não há mais conexão com o parceiro de
outrora. Em algum momento da relação, ocorreu o complexo de Wilson, e as
perguntas mais frequentes são: o que aconteceu? de quem é a culpa?
E você,
como vão suas conexões?
Psicanalista, hipnoterapeuta e terapeuta de vidas passadas
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