domingo, 31 de maio de 2015

Caso Clínico em Psicanálise III – O desequilíbrio do animus ou Antes tarde do que nunca - José Anastácio de Sousa Aguiar


Sofia era uma paciente na meia idade, com “a vida ganha”, como, de pronto, me falou ao início da consulta. Tinha um bom emprego, 2 lindas filhas, já formadas e casadas, mas sentia um vazio existencial muito grande, que não conseguia preencher com nada, nem mesmo com a religião.
Contou-me que era a filha mais velha de 3 mulheres, e que seu pai, um rico comerciante, falecera quando ela tinha 10 anos de idade, deixando a família com problemas financeiros. Sua mãe, mulher de saúde debilitada, nunca foi capaz de assumir os afazeres domésticos, função que ela tinha assumido, desde muito nova, com uma certa resistência, mas procurava cumprir com esmero. Sua irmã mais nova, era muito elogiada pela beleza e tinha um tratamento diferenciado por parte da mãe.
Pois bem, este quadro se seguiu até os dias atuais, e sua principal reclamação era que, apesar de seus esforços, não era reconhecida pela sua mãe. Tornara-se em razão das circunstâncias, uma mulher decidida, eficaz, assertiva, mas também austera, rigorosa e insensível.
A realidade familiar que a circundava desde cedo, levou-a a desenvolver uma acentuada energia masculina perante a vida e desequilibrar de forma evidente seu animus. Assim, o reequilíbrio de sua energia psíquica era imperioso, antes tarde do que nunca.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e detalhes pessoais são modificados para preservar a identidade dos pacientes.

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