Sofia era uma paciente na meia idade,
com “a vida ganha”, como, de pronto, me falou ao início da consulta. Tinha um
bom emprego, 2 lindas filhas, já formadas e casadas, mas sentia um vazio
existencial muito grande, que não conseguia preencher com nada, nem mesmo com a
religião.
Contou-me que era a filha mais velha de
3 mulheres, e que seu pai, um rico comerciante, falecera quando ela tinha 10
anos de idade, deixando a família com problemas financeiros. Sua mãe, mulher de
saúde debilitada, nunca foi capaz de assumir os afazeres domésticos, função que
ela tinha assumido, desde muito nova, com uma certa resistência, mas procurava
cumprir com esmero. Sua irmã mais nova, era muito elogiada pela beleza e tinha
um tratamento diferenciado por parte da mãe.
Pois bem, este quadro se seguiu até os
dias atuais, e sua principal reclamação era que, apesar de seus esforços, não
era reconhecida pela sua mãe. Tornara-se em razão das circunstâncias, uma
mulher decidida, eficaz, assertiva, mas também austera, rigorosa e insensível.
A realidade familiar que a circundava
desde cedo, levou-a a desenvolver uma acentuada energia masculina perante a
vida e desequilibrar de forma evidente seu animus. Assim, o reequilíbrio de sua
energia psíquica era imperioso, antes tarde do que nunca.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e detalhes pessoais são modificados para preservar a identidade dos pacientes.
*nomes, sexos e detalhes pessoais são modificados para preservar a identidade dos pacientes.
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