Assim, os governos, em suas diversas instâncias (municipal, estadual e
federal), deveriam promover mais os esportes (sem menosprezar educação e
saúde), possibilitando que os jovens foquem a vida em algo que lhes
possibilitem saúde física, psíquica e emocional e evitem vícios e drogas
doentias.
Sim, através dos esportes se podem priorizar, além dos cuidados físicos,
as dimensões psíquicas e emocionais dos jovens. Vimos tantas violências durante
os jogos desta copa: mordida, chutes, empurrões, porradas traiçoeiras (por
ódio, ciúme, inveja?) nas cortas de adversários, como ocorreu com o nosso
querido e guerreiro Neymar, que, infelizmente, o impediu de continuar jogando
na copa. São oportunidades para se refletir com os jovens sobre a importância
do equilíbrio emocional, do limite e do respeito ao outro como ser humano, muito
embora o ímpeto da competição que a hora provoca.
Mas, como hipnólogo, vi-me pensando nestes dias de Copa, na relação
entre o esporte, o jogador, a bola e a hipnose. Sabemos que hipnose acontece no
nosso dia a dia. É que hipnose nada mais é do que propor alguém a focar num
ponto, exclusivamente, num ponto, esquecendo-se tudo o mais em sua volta, tendo
em vista alcançar um objetivo através do transe. É quando há uma dissociação
consciente de toda e qualquer realidade em sua volta, e a pessoa passa a se concentrar
em seu interior, num foco, num objetivo, tendo em vista alcançá-lo. Quando, por
exemplo, estou lendo um texto e toda a atenção é entender o que leio e aonde
quer chegar o autor, estou ali num foco, com um objetivo e tudo o mais,
externamente, fica de lado. A concentração é tamanha, que pode haver uma música
alta lá fora e não escuto nada. Isso é hipnose!
Se no futebol jogar é uma arte de mover a bola tendo em vista fazer gols
e ganhar a partida, a hipnose é também uma arte de conduzir alguém, através de sugestões,
com o objetivo de conquistar o transe hipnótico e possibilitar ressignificações
na mente dessa pessoa.
Quando um jogador, por exemplo, foca numa jogada, conduzindo a bola com
o objetivo de fazer gol, e naquele momento se esquece de tudo lá fora, não
escutando nem a torcida, isso é hipnose.
Luciano Sampaio
Psicanalista
e hipnólogo
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