sábado, 23 de novembro de 2013

Crônica - O vigia, o celular e a Bia - José Anastácio de Sousa Aguiar



Certa feita, ao caminhar pelo condomínio no qual moro com a Bia, a nossa cadela da raça labrador, à noite, encontrei o vigia. Como de praxe, parei para conversar e ele me falou que havia comprado recentemente um mega-super-hiper-extra celular no valor de dois mil reais (ele ganha mil por mês). Falei sobre o meu celular, daqueles modelos antigos que além do fato de ser telefone (acho que foi para isso que o comprei), só dispunha como recurso extra, uma pequena lanterna.
Pois bem, algum tempo depois, percorrendo o mesmo trecho com a nossa fiel companheira de caminhada, encontrei com o citado vigia, desta feita tentando consertar, em um local sem luz, uma caixa de registro. Aproximei-me e perguntei por que ele não usava o mega-super-hiper-extra celular para iluminar a citada caixa. Ele me falou que o aparelho dele havia apresentado defeito e estava consertando. Prontamente ofereci o meu celular, que se mostrou eficaz no auxílio do conserto.
Voltei para a casa naquela noite explicando para a Bia os perigos do consumismo sem limites. Acho que ela entendeu, pois me olhava com aquele olhar terno e amável que tenho dificuldade de encontrar nos humanos.
José Anastácio de Sousa Aguiar

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