Este blog destina-se àqueles que tem interesse em questões ligadas à espiritualidade, à evolução integral e estão sempre em busca do conhecimento.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
domingo, 30 de julho de 2017
sábado, 29 de julho de 2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Caso Clínico em Psicanálise XV – Uma regressão a vidas passadas; ou Conhecendo a dor para curar-se
A regressão a vidas passadas, ou como
alguns preferem Terapia de Vidas Passadas, é uma técnica que tenho utilizado no
meu trabalho psicanalítico quando outras ferramentas mostram-se ineficazes. No
meio psicanalítico, a referida abordagem tem vários defensores, entretanto, tem
também profissionais que a evitam ou até mesmo entendem que é apenas ilusão do
paciente.
Pois bem, tenho me posicionado no
sentido de que os sucessos obtidos pela TVP são as melhores credenciais em
defesa dela, tudo o mais são discussões teóricas que no geral esbarram nos
limites das crenças de cada um.
Passo a narrar um dos casos que utilizei
a abordagem da TVP.
Nice era uma jovem senhora solteira com
bastante sucesso na vida profissional, entretanto sua vida afetiva estava em
desequilíbrio. Sua queixa principal referia-se a uma obsessão que ela tinha com
um antigo namorado, Pedro, que atrapalhava sobremaneira os seus
relacionamentos. A fixação de Nice no ex-namorado era o principal fator que
impedia novos relacionamentos e tirava a sua paz. O relacionamento com o
ex-parceiro não tinha sido nada fácil, Pedro tinha índole violenta e as brigas
e discussões eram recorrentes, chegando ao ponto da agressão física.
Após ter tentado sem sucesso outras
abordagens com Nice, perguntei a ela se poderíamos tentar a TVP, e ela
prontamente concordou.
Depois de uma rápida indução, Nice se
via no corpo de uma outra mulher, que ela identificou como Rana, uma bela e
pobre jovem em algum lugar da França no século XIII. Via-se como uma camponesa
cheia de sonhos e planos que havia iniciado um relacionamento com um homem mais
velho que ela, de nome Thomas.
Adiantei-a no tempo para um evento
relevante que justificasse a sua relação atual. Rana agora estava morando em
uma pequena casa que Thomas havia comprado para ela em uma região distante da
cidade. Thomas agora era monge, um cavalheiro templário, que almejava alcançar
o título de Grão-mestre da Ordem Templária. Aquele objetivo de Thomas e pelo
fato de ser proibido casar pelo voto da castidade, o levara a esconder o
relacionamento com Rana da sociedade local, fato que muito a incomodava e que
era motivo constante de desentendimento do casal.
Certa feita, Thomas a visitara e disse
que iria se ausentar por longa data e que achava melhor que ela permanecesse
longe da sociedade para não levantar suspeitas. Aquela atitude foi a gota
d’água para Rana, que tinha sonhos de casar e ter uma vida normal. Uma violenta
discussão iniciou-se e Thomas empunhou sua espada e atingiu o flanco esquerdo
de Rana.
Nice passou a sentir a dor da morte de
Rana. Adiantei-a um pouco no tempo e ela se viu como espírito flutuando sobre o
corpo sem vida de Rana, enquanto Thomas fugia confuso em seu cavalo.
De posse das técnicas adequadas,
solicitei ao espírito de Rana que perdoasse Thomas daquele ato e também
vislumbrasse Thomas pedindo perdão a ela. Após algumas outras instruções com o
foco no Amor, Perdão, Compaixão, Aceitação, Não-resistência e Gratidão, trouxe
Nice de volta ao tempo presente.
Nice ficou maravilhada com a experiência
e no mesmo dia me enviou uma empolgada mensagem dizendo que havia encontrado na
internet todas as informações que havia vivenciado na regressão: o nome de
Thomas era Thomas Berard (ou Bernard) e o objetivo de Tomas fora alcançado, ele
havia se tornado grão-mestre dos Cavalheiros Templários de 1256 a 1273.
Agradeci a Nice sua pesquisa, mas
destaquei que o mais importante não era o fato em si, mas a ressignificação das
emoções a partir do conhecimento do fato.
Após aquela sessão Nice demonstrara uma
melhora acentuada de seu quadro neurótico, mas ainda houve necessidade de
continuar com mais algumas sessões da TVP. Entretanto, isso é outra história...
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e alguns detalhes foram
alterados para proteger a identidade dos pacientes.
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Caso Clínico em Psicanálise XIV – A formação de um Complexo; ou O Amor e Perdão como ressignificantes universais
Era a primeira vez que atendia Katia,
uma jovem de cerca de 30 anos que adentrou à sala com os ombros arqueados e sem
brilho nos olhos. Ela me procurara com uma demanda de severa ansiedade.
Contou-me que seu estado de agitação constante a vinha incomodando desde quando
era criança, entretanto nos últimos anos, em especial, no período da faculdade,
estava se tornando insuportável, a ponto de influenciar negativamente na tomada
de decisões simples, como escolher uma roupa.
Realizando a anamnese, foi possível
identificar que na verdade, a ansiedade era apenas uma das questões que a afligiam,
ela também tinha um elevado grau de insegurança, bem como uma baixa autoestima.
Contou-me que sua mãe sempre foi muito exigente com ela e sempre comparava de
forma pejorativa a sua personalidade introvertida com a personalidade
extrovertida da sua irmã mais velha.
Pois bem, durante a análise, por meio do
método freudiano da Associação Livre, Kátia não conseguiu lembrar-se de nenhum
evento que pudesse ser o catalisador das questões que hoje a incomodavam. Todas
as vezes que lembrava algo de um passado remoto, suas palavras eram interrompidas
por abundantes lágrimas.
A retomada do equilíbrio emocional era a
pedra angular daquele caso. Utilizando de algumas técnicas de relaxamento,
Katia retomou o controle de suas emoções e pedi para ela que olhasse fixamente
para a porta que estava a sua frente e deixasse a sua mente livre para fluir
seus pensamentos. Perguntei o que ela gostaria de fazer e ela me respondeu que
gostaria de abrir a porta. Pedi que desse seguimento a seu desejo, só que desta
vez de olhos fechados. Ela me contou que ao abrir a porta, viu um quarto escuro
com a sensação de que as pessoas estavam olhando para ela. Sentia-se acuada,
insegura e com medo.
Utilizando as técnicas de hipnose,
facilitei a regressão de Katia ao momento da gênese do seu trauma. Ela
visualizou uma cena que já havia se apagado do seu consciente há muito tempo:
ela tinha cerca de 5 anos quando a sua mãe se irritou quando ela derrubou um
copo de leite sobre o tapete e comparou-a de forma ríspida e humilhante com a
irmã. Aquele evento ficou congelado em sua memória, gerando um Complexo, que
constantemente era constelado com os eventos da vida diária que se referissem
ao tema.
Após a utilização das técnicas terapêuticas
apropriadas para o caso dela, pedi, para finalizar, que ela visualizasse a mãe
dela aproximando-se e pedindo que a abraçasse, ao mesmo tempo que ambas pediam
perdão uma para outra. Por longos minutos, Katia permaneceu abraçada a sua mãe,
enquanto as lágrimas escorriam, mas já não mais de insegurança e medo, e sim fruto
da convicção daqueles que sabem que são amados.
Tivemos uma longa conversa sobre os
mecanismos inconscientes que influenciam a mente consciente e a tornam, quando
não verdadeiramente compreendidos, vulneráveis aos Complexos que povoam o
Inconsciente. Expliquei, em especial, que os Complexos, conteúdos autônomos do
Inconsciente Pessoal formado por lesões ou traumas psíquicos, tem em seu núcleo
a imagem do evento traumático e orbitando a imagem encontram-se as emoções
negativas geradas pelas lesões. A função da terapia é descongelar a imagem
nuclear por meio da ressignificação das emoções e o meio mais eficaz da técnica
terapêutica é a verdadeira realização do Amor e Perdão.
Renovada, Katia, agora, tinha uma melhor
compreensão de suas pulsões instintuais e podia dar novo começo a sua vida emocional
e aos seus relacionamentos. Despediu-se com um ar de esperança e um renovado
brilho no olhar.
José Anastácio de Sousa Aguiar
Psicanalista, hipnoterapeuta e terapeuta
de vidas passadas
*nomes, sexos e alguns detalhes foram
alterados para proteger a identidade dos pacientes.
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