Não é
difícil inferir que todos os pacientes que procuram a clínica psicanalítica
estão com um ou mais problemas a equacionar. A variedade e complexidade das
questões é tão extensa quanto a própria natureza humana.
Pois
bem, como dito acima, a expectativa do paciente é que a questão/problema que o
leva à terapia seja eliminada e ele/ela possa retomar o que entende ser a sua
vida normal.
Talvez
um dos aspectos mais importantes a ser destacado no processo terapêutico, e
que poucos chegam com essa noção, é que, em última instância, as questões que o
levaram à clínica são fatores essenciais do processo de restauração do
equilíbrio perdido da psiquê, não tendo natureza autônoma, nem ontológica. Ou
como diz Eckhart Tolle: “Um problema só é necessário, até tornar-se
desnecessário.”
Carl
G. Jung nos ensina que um dos primeiros passos no processo terapêutico é a
aceitação do indivíduo como ele é, em especial, os seus defeitos, o que requer uma
grande dose de humildade, nem sempre fácil de obter. Somente após essa primeira
fase da conscientização da sombra, pode o paciente ressignificar as suas
energias, reorientando-as a seu favor.
Por
mais paradoxal que possa ser, a exemplo da vida que guarda seu sentido, o
sofrimento também. Faço referência a Dostoievsky: “Temo somente uma coisa, não
ser digno do meu tormento.” Tornar-se digno do próprio tormento é reconhecer a
sua função e mensagem, ao tempo de compreender que tanto lhe é ilusório como
curador. O teu tormento, em verdade, é a tua bênção.
Concluo
com a citação de Krishna para Arjuna em Bhagavad-Gita “O que é noite para todos
os seres, é dia para o homem que consegue vencer a si mesmo”.
*Texto
em parceria com Augusto Cláudio Ferreira Guterres Soares
Psicanalista,
hipnoterapeuta e terapeuta de vidas passadas
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