sábado, 4 de abril de 2015

Crônica - Primogenitura, um postulado a ser (des)cumprido ou A regra da exceção - José Anastácio de Sousa Aguiar

Havia na cultura judaica do Antigo Testamento um princípio que garantia ao filho mais velho primazia e privilégios em relação aos outros filhos. Segundo consta da tradição, esse fundamento fez parte da história judaica desde o início dos tempos. Nota-se, entretanto, que os eventos relacionados aos primeiros personagens bíblicos – Adão, o primeiro homem e os três patriarcas - tinham exceção a acrescentar à regra, senão vejamos.
Adão teve com Eva, sua esposa, Caim e, posteriormente, Abel. Sabe-se pelo livro do Gênesis que Deus preferiu (a oferta de) Abel a Caim, o que deflagrou o ciúme em Caim que levaria à morte de Abel.

Pouco mais além, mas ainda no livro do Gênesis, surge o patriarca Abraão, que teve o seu primeiro filho, Ismael, com a escrava Agar e o segundo filho, Isaac, com a sua esposa Sara. Sabe-se também que Abraão expulsou a escrava e o primogênito para o deserto em favor do segundo filho, que recebeu a primogenitura.

Ainda no Gênesis, Isaac, também patriarca, teve com Rebeca, dois filhos gêmeos: Esaú, o primogênito e favorito do pai, e Jacó, o favorito da mãe. Sabe-se, pelo mesmo documento bíblico, que Jacó, o último da era patriarcal, por meio de um ardil, obteve as bênçãos de seu pai para que fosse o herdeiro da primogenitura.

A descendência de Jacó também apresenta a inusitada estória de José, que longe de ser o filho mais velho (era o décimo primeiro de doze filhos), certamente foi o mais famoso, honrado e sábio de todos.
Lembrei-me de Mário Quintana: “O que salva a nossa triste condição de homo sapiens é que não se pode ter certeza nem da própria dúvida.”

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