domingo, 20 de dezembro de 2015

Tudo uno todo - Mira Kelly


As Aventuras de Sri Prem Tata - Episódio 11 - A persona de cada um; Ou A armadilha da função inferior


Certa feita, Sri Prem Tata foi procurado por uma conhecida cantora do reino. Jazlen havia sido a melhor cantora de sua época, sendo frequentemente requisitada pelo rei para cantar nos principais festejos, tornando-se assim uma celebridade. Com voz suave, ela cantava e encantava, entretanto, uma grave enfermidade em suas cordas vocais deixara-a impossibilitada de continuar seu ofício. Acometida pela depressão e desânimo, Jazlen, abatida e sem vida, procurou Tata. 
Após discorrer sobre os seus tempos dourados e reclamar do seu destino atual, a antiga cantora desabafou: “Que lástima para mim ter sido tudo o que fui e agora não ter mais o reconhecimento e atenção pelo meu trabalho. Quisera não ter vivido o que vivi.” 
Tata, após ouvir pacientemente, as ponderações de Jazlen, asseverou: “Você não é o seu ofício. Ao apegar-se às glórias que o seu canto trouxe, você correu um grande perigo que é identificar-se com a persona. Em verdade, a persona é o que não se é realmente, mas sim aquilo que os outros e a própria pessoa acham que é. A tentação de ser o que se aparenta é grande, porque a persona frequentemente recebe seu pagamento à vista, entretanto cobra a sua compensação a prazo. A sua situação atual, que entende como lástima é, na verdade, a oportunidade para que você se torne a pessoa que realmente é. Certamente, se você aceitar o destino que se apresenta, descobrirá um dom extraordinário até então oculto pela sua sombra, e assim, verdadeiramente, executará a sua missão nesta encarnação.”  

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Caso Clínico em Psicanálise XI – O difícil primeiro passo da conscientização; ou Ver o outro como responsável pela nossa dor ou como oportunidade de crescimento?


Dora era uma mulher por volta de seus 70 anos de idade. Relatou que havia casado muito cedo e passara toda a vida dedicando-se a cuidar dos quatro filhos e, logo em seguida, dos vários netos.
Confidenciara que apesar de ter batalhado tanto em sua vida, não tinha o reconhecimento dos filhos, netos e nem mesmo do marido. O que lhe feria mesmo era a falta de carinho e atenção por parte daqueles que ela tanto se dedicara. Complementou nessas palavras: “São todos ingratos, pois como podem ser tão indiferentes depois de tanto esforço meu. Sinto-me vítima de todos.”
Relatou ainda que nunca houvera diálogo com o marido, os filhos e os netos, pois ela estava sempre muito ocupada com os afazeres domésticos. A história de Dora estava recheada de mágoa, tristeza e sensação de tempo perdido e abandono.
Os passos do processo terapêutico do caso de Dora precisariam passar pela retomada do controle emocional de sua vida, por meio da conscientização de que os outros não podem ser responsabilizados e cobrados pelas nossas opções, decisões e inconsciência, o que evita o perigoso caminho da vitimização; bem como pelo treinamento do perdão, da aceitação, da não-resistência e da gratidão.
Ver o outro como responsável pela nossa dor somente alimentará o ciclo de sofrimento e mágoa.
Em verdade, todos, que ingressam na vida de cada um de nós, nos trazem uma mensagem de aprendizado. A interpretação que daremos para o contexto de cada evento de nossas vidas é uma decisão pessoal e intransferível, que definirá a saúde mental de cada um.
José Anastácio de Sousa Aguiar
*nomes, sexos e alguns detalhes foram alterados para proteger a identidade dos pacientes.

Paz, sabedoria e paciência - Brian Weiss