sábado, 1 de novembro de 2014

Da Religiosidade à Espiritualidade: um caminho percorrido - Parte V - Religiosidade


Discutir religião e religiosidade é uma tarefa que se reveste de grande responsabilidade, tendo em vista a frequência com que se observam sobreposições de conceitos relacionados a esses dois temas.
Segundo Valle (1998), religiosidade pode ser entendida como uma experiência pessoal e única da religião, ou seja, “a face subjetiva da religião”. Também, Giovanetti (2005) diz que o termo religiosidade implica a relação do ser humano com um ser transcendente.
Para Pessini (2004), há uma preocupação crescente de busca pelo significado da vida em detrimento das crenças religiosas tradicionais, mas o que o homem busca no momento atual é uma nova religiosidade denominada de espiritualidade.
Frankl (2006), ao discutir sobre o tema, destaca que o homem tem caminhos ao encontro de uma religiosidade pessoal que independe de religiões, conceitos e atribuições de sagrado ao mundo; que cada indivíduo, na busca de sentido para sua existência, poderá ou não encontrá-lo na religiosidade, já que se trata de uma busca particular e única, fazendo-se mister destacar que, ainda assim, haverá ritos e símbolos em comum.
Angeramim (2008) entende religiosidade como um anseio pelo sagrado, pelo divino ou, simplesmente, por algo superior, que pode ser definido como a energia que nos move em direção aos diferentes conceitos existentes a cerca de Deus. Assim, a busca pelos caminhos da religiosidade pode ser feita pelo direcionamento sistematizado de determinada religião, mas, também, por si mesmo, pelos mais diferentes caminhos e buscas. 
Segundo Sommerhalder e Goldstein (2006), religiosidade e espiritualidade são compreensões diferentes: “enquanto espiritualidade remete a uma reflexão “sobre”, a religiosidade remete a uma reflexão “com”. Essa relação pode ser com Deus, com uma entidade ou com um ser superior, diferentemente nomeado.
Segundo Flankl (2006), a experiência religiosa é extremamente importante no caminho da busca do sentido da vida e que o homem irreligioso não foi capaz de dar esse último passo – o da experiência religiosa – escolhendo ficar no meio do caminho. Caminhando rumo ao sentido, o homem irreligioso parou antes do tempo, pois não foi capaz de perguntar para além de sua consciência. O autor ressalta ainda que a consciência moral – ou voz da transcendência – guia o homem em suas respostas às perguntas que a vida lhe faz através de situações concretas, e que o homem, ao respondê-las, pode atribuir a esse diálogo uma característica de experiência religiosa
À luz dessas conceituações podemos dizer que a religiosidade, caracterizada por uma necessidade e/ou sentimento de conexão com o transcendente (o divino), está assentada na subjetividade do Ser e sua prática não precisa estar ligada a instituições religiosas, o que a diferencia da religião propriamente dita. Obviamente ela inclui crenças pessoais – em Deus, num poder superior e até em determinadas práticas ou ritos –, mas não carece da instituição religiosa para o seu exercício, não pressupõe compromisso ou sentimento de pertença.       
Jeruzia Costa de Medeiros
* Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-graduação (Lato Senso) em Psicologia Transpessoal da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro em parceria com o Instituto Celta, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Psicologia Transpessoal.

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