domingo, 20 de maio de 2018

Toc, o que é, para que serve e como tratar? ou Só quem sofre sabe o que é



Tenho recebido recentemente um número considerável de pacientes com demandas relacionadas ao TOC. Diante do crescente número de casos e com o fito de levar algumas informações a quem sofre ou conhece alguém que sofre da doença, escrevo essas poucas linhas.
Pois bem, TOC ou Transtorno Obsessivo Compulsivo é um desequilíbrio da psique muito estudado, mas nem sempre bem compreendido. Como o próprio nome antecipa é a combinação de obsessão, pensamentos involuntários e indesejados que invadem a consciência; e compulsão, atos decorrentes das obsessões.
Imperioso ressaltar o grande sofrimento que acomete o paciente, em razão das ansiedades, medos, receio da não-aceitação e exclusão de grupos sociais, somatizações, etc. Cumpre lembrar que sofre não só o indivíduo, mas todo o seu núcleo familiar, que, na maioria dos casos, não entende ou considera “frescura” os sintomas, levando em muitos casos ao total desequilíbrio da família.  
Em que pese a vasta literatura sobre o tema, ainda não foi possível identificar com clareza suas causas e cura, entretanto observo na clínica que é possível inferir que em vários casos ocorrem a partir de um evento traumático. Por outro lado, em uma amostragem considerável, não foi possível observar um evento único catalisador dos sintomas.
Observo que os sintomas são vários: manias de limpeza, organização, repetição, confirmação, acumulação, dentre outros. A energia psíquica do indivíduo é consumida por um conflito mental interno que tende a minar parte da energia do paciente, levando, em alguns casos, a uma completa imobilização. Em outras palavras, procedimentos que em outras pessoas são executados de forma (quase) automática, como lavar as mãos, fechar uma porta, etc, nas pessoas que padecem da enfermidade muita energia é destinada para executar essas tarefas cotidianas.
No contexto da Psicologia Analítica de Jung, o Ego é o centro da consciência, responsável pela execução das tarefas do indivíduo e que em tese é o responsável pela administração e saúde da psique, tendo para tal a liberdade e a autonomia de gerenciar todo o processo psíquico. Pois bem, em indivíduos acometidos pelo TOC essa liberdade e autonomia do Ego são consideravelmente reduzidas, obrigando-o a despender uma vasta parte de seu tempo e energia para administrar a ansiedade e inquietações oriundas do TOC.
Tenho visto também que um considerável número de pacientes desse universo tem uma personalidade forte e tem especial apreço pelo controle. Parece-me que em algum momento da evolução e estruturação da psique, essa necessidade de controle volta-se contra o próprio indivíduo, tornando o controlador, controlado.
Apostar no reequilíbrio da energia psíquica do indivíduo é o cerne do tratamento clínico que utilizo, bem verdade, que essa retomada da harmonização da psique deve ser avaliada caso a caso.
José Anastácio de Sousa Aguiar
Psicanalista, hipnoterapeuta e Terapeuta de Vidas Passadas

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